O cidadão Paulo
Portas preside ao seu partido desde 1998 mas nunca conseguiu transformá-lo
noutra coisa que não seja um pequeno partido ou um partido-muleta em que se
apoia o PSD para formar maiorias de governo. Embora o cidadão Portas não passe
de uma figura de segundo plano na política portuguesa, tem tido uma notoriedade
e uma importância políticas demasiado
desproporcionadas em relação ao seu peso eleitoral. Cansa vê-lo e cansa
ouvi-lo, sobretudo quando exibe ares de estadista e tiques de espertalhão, ou
quando insinua que defende Portugal como ninguém, o que não é verdade.
Quando em Julho
de 2013 apresentou o seu irrevogável
pedido de demissão, porque ficar no governo seria um acto de dissimulação, parecia dar por findo o
seu período de incessantes viagens por todo o mundo, que o tinham transformado
num verdadeiro frequent flyer. Mas
não resistiu e ficou. Deu o dito por não dito, envergonhando aqueles que nele
tinham votado. Ainda lhe encomendaram a reforma do Estado, mas não foi capaz. O que ele quer é viajar, sobretudo quando são os outros a pagar. São difíceis de enumerar os países por onde o tem viajado, pois vão da
China à Turquia, de Moçambique ao Brasil, da Índia a Angola. Sempre acompanhado por dezenas
de empresários e, certamente, por alguns amigos jornalistas. Coleccionando
comendas. Vendendo dívida e vistos gold.
Inaugurando ginásios. Oferecendo as empresas portuguesas a interesses e
dinheiros mais ou menos obscuros.
Agora o irrevogável
voltou ao México com uma comitiva de mais de cinco dezenas de empresas,
apregoando que Portugal é um sucesso nas economias europeias, como se os
mexicanos não soubessem que não somos nada disso. Assinaram-se contratos já
antes negociados, apenas para alimentar a sua propaganda pessoal. Não é sério fazer isso. Acabou por
ouvir dizer que Portugal investe pouco no México e por ser ignorado por Carlos
Slim.
Porém, numa
lógica de custo-benefício, é necessário saber quanto têm custado todas estas
viagens aos contribuintes portugueses e que benefícios reais têm trazido ao
nosso país. Como contribuinte, os discursos da propaganda não me tranquilizam. É
urgente que essa análise seja feita e se conheça a verdadeira dimensão desta
continuada operação de propaganda.