segunda-feira, 27 de julho de 2015

Estamos quase aliviados dele!

Ontem à noite, quando navegava pela internet para melhor me informar sobre o estado da nação, deparei-me com um blogue muito interessante onde, sob o título “Estamos quase aliviados dele”, nos era apresentado um contador automático que indicava o número de dias, horas, minutos e segundos que faltavam para ficarmos “livres de Cavaco”. Achei essa informação muito interessante e oportuna. Aníbal Cavaco Silva, um economista natural de Boliqueime, venceu as eleições presidenciais que se realizaram no dia 23 de Janeiro de 2011. Estavam inscritos 9 milhões e meio de eleitores, mas houve 53,56% que se abstiveram. O candidato vencedor obteve 53,1% dos votos expressos, embora os 2 209 227 votos que recebeu tenham correspondido apenas a 23% dos eleitores inscritos. Para uma reeleição, foi uma vitória pouco expressiva. Pouco tempo depois realizaram-se eleições legislativas e, pela primeira vez na nossa história democrática, concretizou-se o sonho de Sá Carneiro: uma Maioria, um Governo, um Presidente. O resultado foi o unanimismo e isso foi muito mau.
Era um tempo difícil, com o país humilhado perante a troika e sujeito a um duro programa de assistência económica e financeira, com um governo a ir mais longe do que a própria troika. Os portugueses pagaram um preço bem elevado. Aumentaram-lhes os impostos. Cortaram-lhes os salários e as pensões. Mudaram-lhes as leis laborais para facilitar os despedimentos. Dificultaram-lhes o acesso à saúde, à educação e à justiça. A mentira e a manipulação estatística tornaram-se prática corrente de uma governação baseada na propaganda e na mentira. Desemprego. Emigração. Falências. Despejos. Pobreza. O desespero tomou conta de muitos portugueses.
Nesse quadro, era necessário que em Belém estivesse um provedor dos cidadãos ou um árbitro das disputas político-partidárias, mas isso não aconteceu. Aquele que um dia se intitulou “o homem do leme”, acomodou-se às suas vaidades e mordomias, tornando-se um delegado subalterno do governo. Viajou pelo mundo com alargadas comitivas como se o país fosse rico e rodeou-se de pelotões de assessores. Seguiu à risca a fórmula “uma Maioria, um Governo, um Presidente“, não teve vontade própria e adaptou-se a uma agenda ideológica imposta pelas circunstâncias. Esqueceu-se que devia ser “o presidente de todos os portugueses” e não ser apenas o presidente de uma maioria política e não sociológica. O seu compromisso para defender a soberania e a independência nacional foi ultrapassado por um seguidismo por vezes bajulador e contabilístico. Nunca a popularidade presidencial foi tão baixa.
Eu nunca esqueci aquela pobreza cultural de não saber quantos cantos têm Os Lusíadas, nem o vazio cultural dos seus improvisos perante as câmaras da televisão. As suas declarações públicas são muitas vezes despropositadas e algumas vezes são mesmo lamentáveis, como nos casos do BES, da crise grega ou da privatização da TAP. Este homem foi o nosso “azar dos Távoras”, como disse Carlos do Carmo. Alguém sugeriu recentemente que “ajudemos Cavaco a acabar o seu mandato com dignidade”. Não sei se ainda é possível. O seu mandato termina no dia 23 de Janeiro de 2016. Faltam pouco menos de 180 dias. Então, ficaremos aliviados desta pesadelo. Já não regressará a Boliqueime. Os seus amigos esperam-no na Aldeia da Coelha.