Uma das mais
sugestivas atracções culturais que a cidade de Lisboa oferece aos seus
residentes é uma panóplia de mais de cinco dezenas de museus de índole muito
variada, que vão desde os grandes espaços museológicos como o CCB ou a FCG, até
aos museus de arte que possuem colecções de pintura, escultura e artes
decorativas, passando pelos museus temáticos, as casas-museu e os museus das
fundações. Uma dezena e meia desses museus são tutelados pelo Estado através da
Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) e são geridos pelo Instituto dos
Museus e da Conservação (IMC). Esta alargada oferta museológica prestigia a cidade de Lisboa e o seu
passado histórico e cultural. Muitos lisboetas incorporaram a visita aos museus
nos seus roteiros domingueiros, porque o ingresso era gratuito. A vida cultural
da cidade enriqueceu-se porque os museus são espaços que transmitem valores, que
despertam memórias e que interagem com a contemporaneidade. A
DGPC acompanha essa visão e informa que “os museus e os monumentos são lugares
únicos que nos proporcionam experiências memoráveis e uma aprendizagem
indispensável à formação da identidade”.
Durante muitos
anos habituei-me a levar os meus filhos aos museus aos domingos de manhã,
aproveitando a gratuitidade das entradas e, dessa forma, procurei contribuir
para a formação da sua identidade cultural e dos seus valores. Muitos outros
lisboetas beneficiaram desse bónus da política cultural. Porém, hoje fui
surpreendido na visita que fiz à exposição permanente do Museu Nacional de Arte
Antiga e à exposição temporária “Os
Sabóias. Reis e Mecenas (Turim 1730-1750)”, com a obrigação de pagar bilhetes
de 6 euros em cada uma das exposições. Senti-me assaltado, até porque nunca visito
os museus sozinho. A ânsia governamental de empobrecer os portugueses, até
aproveita as visitas dominicais aos museus. Nada lhes escapa. Agora, a generosidade das visitas gratuitas só acontece um domingo em cada mês. Um dia até os encerram porque não são lucrativos ou decidem
privatizá-los como fizeram com a EDP e os CTT. Será que eles sabem o que é e para que serve um museu?