Carlos Tavares é,
provavelmente, o mais conhecido gestor português com currículo internacional e,
na galeria de portugueses ilustres que atingiram um plano de destaque fora do
país, ele está ao lado de muito poucos políticos, cientistas, artistas,
escritores e futebolistas.
Ele é o presidente
executivo do grupo automóvel PSA, que possui as marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall, tendo feito o anúncio dos resultados do exercício de
2019: uma facturação recorde de 74.700 milhões de euros, mais 1% do que no
exercício anterior, uma margem operacional histórica de 8,5% e um lucro de
3.200 milhões de euros, correspondente a um aumento de 13,2% em relação ao
exercício anterior.
Como consequência destes resultados, a PSA decidiu dar um bónus de 4.100
euros aos trabalhadores com salários anuais inferiores a 51.000 euros, enquanto
os accionistas vão receber 1,23 euros por acção quando em 2018 tinham recebido
78 cêntimos, o que significa um aumento de 58%. Portanto, tanto o capital como
o trabalho ficaram satisfeitos na PSA e Carlos Tavares tem sido elogiado pelos
parceiros sociais.
Porém, se o grupo PSA vendeu menos 10% de veículos em 2019, isto é, vendeu
menos 3,5 milhões de unidades, como foi possível atingir estes resultados? Ou,
como é possível aumentar a rentabililidade quando as vendas baixam?
Segundo o jornal Les Echos, a estratégia de Carlos
Tavares assentou na redução dos custos, tanto fixos como variáveis, mas também na
melhoria dos preços de venda, sobretudo através do chamado princing power que é um ajustamento do preço em função das quantidades
procuradas, o que permite aumentar a procura.
Em teoria a equação é simples e tem apenas três variáveis - custos
fixos, custos variáveis e receitas das vendas – mas quando um grupo tem a
dimensão da PSA e as suas muito diversas culturas, bem como a concorrência de
outros poderosos fabricantes europeus de automóveis, então o desafio é
certamente complexo. Porém, Carlos Tavares tem estado a vencê-lo.