A fotografia hoje
publicada com grande destaque pelo jornal La Tribuna de Toledo não pode deixar
de causar alarme nos espanhóis e nos portugueses que vivem e que, em maior ou
menor escala, dependem da bacia do rio Tejo. O rio tem uma extensão de cerca de
mil quilómetros e constitui a segunda maior bacia hidrográfica da península
Ibérica, mas está a ficar seco e sem caudal em muitos dos seus troços, enquanto
as suas apreciadas praias fluviais desapareceram.
A seca deste ano
chamou a atenção para a gravidade da situação. O Tejo tem 14 barragens para a
produção de energia eléctrica, contribui para o abastecimento de água potável
em muitas povoações, refrigera as centrais nucleares e térmicas espanholas e,
sobretudo, alimenta o regadio em muitas regiões espanholas através de
transvases que levam as suas águas para as regiões de agricultura intensiva de
Múrcia, Alicante e Albacete, a partir do transvase Tejo-Segura, que é a maior
obra de engenharia hidráulica da Espanha. A par desta sobreutilização, o Tejo ainda
é receptor de descargas poluentes de vária natureza, o que agrava os seus
problemas.
A fotografia
publicada pelo jornal de Toledo é suficiente para nos alertar para a problemática
do Tejo e para os problemas da escassez de caudal, da poluição e da radioactividade,
mas também é um sinal que nos mostra que é a altura de pedir explicações ao
governo espanhol para que alterem a sua política de transvases que tanto
prejudicam Portugal.