A guerra na
Ucrânia tem-se agravado e os mais recentes acontecimentos mostram que estamos
perante mais uma escalada, como hoje anunciava o jornal francês Le
Figaro que, com grande destaque, publicou uma fotografia da barragem de
Kakhovka no rio Dniepre, que foi destruída e já provocou inundações em mais de
duas dezenas de localidades, ameaçando também o fornecimento de água à
península da Crimeia. A impressionante fotografia foi publicada na generalidade
da imprensa internacional e foi retirada de um vídeo divulgado pelo presidente
Volodymyr Zelensky na sua conta Twitter.
A destruição
desta barragem na região de Kherson, formalmente ocupada pela Rússia, deu
origem a acusações cruzadas entre os regimes de Moscovo e Kiev, com Moscovo a
acusar a Ucrânia de “sabotagem” e Kiev a acusar a Rússia de “terrorismo”, com
cada um a deles a queixar-se no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os
Estados Unidos já afirmaram estar a avaliar qual o país responsável pela
destruição da barragem e da central hidroeléctrica de Kakhovka, mas este caso
mostra como a percepção da evolução do conflito tem assentado na manipulação da
informação, em muitas mentiras e em propaganda, veiculada por ambas as partes.
Assim aconteceu, por exemplo, com a destruição dos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, ocorridos em Setembro de 2022, em que ainda está por
esclarecer a sua autoria.
A ausência de
informações independentes e a sistemática confusão entre factos e opiniões, não
ajuda nada a perceber a evolução do conflito russo-ucraniano. Há dois dias,
aconteceu que a agência MadreMedia/Lusa anunciou às 06.14 horas que “a Rússia
diz ter repelido ofensiva em larga escala da Ucrânia” e, às 09.12 horas, a
mesma fonte divulgou que “Kiev diz
ter repelido todos os ataques nos arredores de Donetsk”. Em que ficamos? O
conteúdo das notícias é mais ou menos o mesmo e até parece que apenas foram
trocados os nomes dos países.
Porém, no meio de tanta destruição e de tanta informação
deturpada e enviesada, o melhor mesmo era que alguém conseguisse que as duas
partes parassem e que negociassem uma paz justa e duradoura para não desgraçar mais o povo ucraniano.