A última edição
do semanário Tempi, que se publica em Milão e cuja linha editorial é de
orientação católica, destaca uma reportagem sobre Aleppo, a segunda maior
cidade da Síria, que inclui uma entrevista com o Vigário Apostólico de Aleppo
dos Latinos, Dom Georges Abou Khazen.
Aleppo que já foi
motor económico da Síria é hoje "a Sarajevo do século XXI", como se lhe referiu o
cardeal Angelo
Scola. Desde o Verão de 2012 que a cidade está sob os efeitos da guerra e está
dividida: na parte oeste que é controlada pelo governo sírio vivem cerca de
dois milhões de pessoas, incluindo cerca de 25 mil cristãos, enquanto na parte
leste que é dominada pelos jihadistas da Frente Al-Nusra, próxima da Al Qaeda,
vivem 300 mil pessoas.
A parte oeste de Aleppo
está realmente cercada e a população vive aterrorizada com água uma vez em cada cinco ou
dez dias e electricidade apenas duas horas por dia. Os bombardeamentos são diários
e são cada vez mais intensos.
O Papa e os
bispos católicos lançaram um apelo à comunidade internacional para que
intervenha para acabar com o conflito, mas o Vigário Apostólico de Aleppo
afirma, na entrevista ao Tempi: “penso che l’opinione pubblica occidentale sia indifferente alla nostra
sorte, al contrario dei governi occidentali, che hanno causato questo dramma”.
Trata-se de uma declaração insuspeita, feita por alguém que vive o quotidiano
da guerra em Aleppo oeste, que revela quem são os senhores da guerra e quem são
os responsáveis por este drama. Dom Georges não hesita em nomeá-los - Estados
Unidos, Arábia Saudita, Turquia, França. São estes os países que, segundo o Vigário
Apostólico de Aleppo dos Latinos, fornecem “armas cada vez mais pesadas e
letais, além de combatentes e treino militar e ideológico”.
Um caso triste
que envergonha a Humanidade e, sobretudo, os dirigentes comprometidos neste drama como estão americanos, franceses e muitos outros falcões.