sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Ucrânia: quem pode acabar com a guerra?

No dia 22 de Fevereiro de 2022 as tropas russas às ordens de Vladimir Putin iniciaram uma “operação militar especial” em território ucraniano, o que representou uma escalada num conflito que decorria desde 2014. Desde então, passaram quase três anos e muitas vidas se perderam, muita gente perdeu o sentido para a sua vida, muitas infraestruturas foram destruídas e muito dinheiro foi gasto. Exceptuando o Papa e o Secretário-geral das Nações Unidas, poucas foram as vozes que reclamaram o cessar-fogo, a negociação e a paz, mas inversamente, muitas outras vozes dos dois lados da barricada, trataram de reclamar mais armamento e de afirmar que lutavam pela vitória. A propaganda tem alimentado o conflito e sabe-se pouco sobre o que realmente se passa no terreno e nas chancelarias, mas como já se viu desde há muito tempo, não haverá vencedores nesta guerra, que é uma tragédia e uma ameaça à paz mundial.
O jornal francês La Dépêche du Midi evocou ontem essa trágica guerra, mostra Zelensky e Putin na sua primeira página e pergunta se é “o princípio do fim”, quase apelando a negociações. Porém, a questão tem uma dimensão muito mais alargada e é bem mais complexa.
A NATO avançou demasiado para oriente depois de 1999 e, tal como Kennedy em 1962 não quis mísseis nucleares russos em Cuba, também Putin não quer mísseis americanos em solo ucraniano. Putin é teimoso e perigoso. A União Europeia conspirou, não teve vontade própria e foi pequenina tal como Macron e Von der Leyen. Volodymyr Zelensky tem sido o resistente ucraniano, mas é cada vez mais um instrumento dos interesses americanos, conforme agora revela a “doutrina Trump”. A sua voz começa a revelar desespero e a ser cada vez menos importante, tanto interna como externamente, pois as opiniões públicas dos seus aliados mostram cansaço e os apoios diminuem. 
Então, se Putin e Zelensky não se entendem, que sejam Putin e Trump a entenderem-se para acabar rapidamente com esta guerra que bem podia ter sido evitada.

Uma tragédia para o património da Bahia

Desabou o tecto da Igreja de São Francisco de Assis, na cidade brasileira de Salvador, a capital do estado da Bahia que foi criada pelos portugueses com o nome de São Salvador da Bahia de Todos-os-Santos e o jornal baiano Correio, que antes se chamava Correio da Bahia, escreveu na primeira página da sua edição de ontem a palavra TRAGÉDIA.
A Igreja e o Convento de São Francisco estão localizados no centro histórico da cidade de Salvador e estão classificados como Património da Humanidade pela Unesco. O conjunto foi construído entre os séculos XVII e XVIII, constituindo “a mais rica expressão do Barroco brasileiro”, em que se destaca a “faustosa decoração interior da Igreja”. Numa cidade de tantas igrejas, para os baianos esta é "a igreja de ouro".
Na tarde da passada 4ª feira, a estrutura da nave central que suporta o telhado e o tecto com as famosas pinturas do ciclo mariano, pintadas entre 1733 e 1737, desabou em consequência de problemas estruturais que já se haviam detectado, sobretudo infiltrações e desnivelamento do piso, tendo provocado a morte de um ocasional visitante. A repercussão desta ocorrência foi muito grande, tanto na população da cidade como nas instâncias políticas estaduais e nacionais, até porque se trata de uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo. Provavelmente, não será uma perda irreparável pois as autoridades vão proceder ao imediato restauro da Igreja de São Francisco, um dos maiores símbolos históricos e culturais do Brasil.
O exemplo do restauro que se seguiu ao incêndio de grandes proporções que em Setembro de 2018 destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro e que, três anos depois, já permitiu a reinauguração da fachada e do jardim do terraço, enquanto a conclusão do restauro se espera para o início de 2026 ou, noutra perspectiva, o restauro da Catedral de Notre-Dame de Paris, destruída por um incêndio em Abril de 2019, são exemplos estimulantes para os dirigentes sobre quem pesa a responsabilidade de restaurar a Igreja de São Francisco.