No dia 22 de
Fevereiro de 2022 as tropas russas às ordens de Vladimir Putin iniciaram uma
“operação militar especial” em território ucraniano, o que representou uma
escalada num conflito que decorria desde 2014. Desde então, passaram quase três
anos e muitas vidas se perderam, muita gente perdeu o sentido para a sua vida, muitas
infraestruturas foram destruídas e muito dinheiro foi gasto. Exceptuando o Papa
e o Secretário-geral das Nações Unidas, poucas foram as vozes que reclamaram o cessar-fogo,
a negociação e a paz, mas inversamente, muitas outras vozes dos dois lados da
barricada, trataram de reclamar mais armamento e de afirmar que lutavam pela
vitória. A propaganda tem alimentado o conflito e sabe-se pouco sobre o que realmente
se passa no terreno e nas chancelarias, mas como já se viu desde há muito
tempo, não haverá vencedores nesta guerra, que é uma tragédia e uma ameaça à
paz mundial.
O jornal francês La
Dépêche du Midi evocou ontem essa trágica guerra, mostra Zelensky e Putin na
sua primeira página e pergunta se é “o princípio do fim”, quase apelando a
negociações. Porém, a questão tem uma dimensão muito mais alargada e é bem mais
complexa.
A NATO avançou
demasiado para oriente depois de 1999 e, tal como Kennedy em 1962 não quis
mísseis nucleares russos em Cuba, também Putin não quer mísseis americanos em
solo ucraniano. Putin é teimoso e perigoso. A União Europeia conspirou, não teve vontade
própria e foi pequenina tal como Macron e Von der Leyen.
Volodymyr Zelensky tem sido o resistente ucraniano, mas é cada vez mais um
instrumento dos interesses americanos, conforme agora revela a “doutrina Trump”.
A sua voz começa a revelar desespero e a ser cada vez menos importante, tanto
interna como externamente, pois as opiniões públicas dos seus aliados mostram
cansaço e os apoios diminuem.
Então, se Putin e Zelensky não se entendem, que sejam Putin e Trump a entenderem-se para acabar rapidamente com esta guerra que bem podia
ter sido evitada.