quinta-feira, 9 de maio de 2024

Paris 2024: a chama olímpica já chegou

A imprensa francesa é hoje unânime a noticiar a chegada a Marselha da chama olímpica, que saíra da Grécia no dia 16 de abril, publicando a fotografia da chegada do navio-escola Belem, escoltado por centenas de embarcações. A partir de agora, a chama olímpica vai percorrer todo o território francês e mais de cinco centenas de localidades, numa viagem que terminará em Paris na noite de 26 de julho, quando se realizará a cerimónia de abertura oficial dos XXXIII Jogos Olímpicos.
Segundo o jornal Le Figaro, estiveram em Marselha a esperar o navio-escola Belem e a chama olímpica entre 150 e 230 mil pessoas, o que mostra como “à boleia dos Jogos Olímpicos”, se está a trabalhar num projecto promocional da França sob a liderança do pequeno napoleão, que Emmanuel Macron parece querer ser.
Os Jogos Olímpicos são a maior manifestação desportiva mundial, mas cada vez mais se afastam dos ideais olímpicos, enunciados através do lema Citius, Altius, Fortis, que significa “o mais rápido, o mais alto, o mais forte”. Se antigamente se considerava que o importante era competir e não vencer, nas suas últimas edições os Jogos Olímpicos tornaram-se um tabuleiro onde se procura “vencer” a qualquer preço, porque isso se traduz numa operação de prestígio interno e internacional. Por isso, os jogos de Paris 2024 vão ser uma monumental operação de marketing dos franceses para si próprios e para o mundo. O presidente Emmanuel Macron e o chauvinismo francês vão, provavelmente, estar insuportáveis na reversão a seu favor de tudo o que os Jogos Olímpicos lhes poderão dar em prestígio, em auto-estima e em vaidade, esperando que todo o mundo ouça muitas vezes a Marselhesa: 
             Allons, enfants de la Patrie / Le jour de gloire est arrivé 
             Contre nous, de la tyrannie/L'étendard sanglant est levé.
Procuremos, portanto, acompanhar a festa desportiva que vai ser o Paris 2024, mas tenhamos paciência com os exageros de egocentrismo a que vamos assistir.