Perfazem-se hoje 45 anos sobre “a madrugada que eu esperava” ou “o dia inicial
inteiro e limpo”, como assinalam as inspiradas palavras de Sophia de Mello
Breyner a propósito do dia 25 de Abril de 1974. Foi um dia memorável que saltou para as páginas da História e se
tornou um referencial para muitos povos e para diferentes gerações que
aspiravam pela liberdade.
Portugal e os portugueses, mas também os povos dos territórios coloniais
então designados por províncias ultramarinas, estavam desde 1926 sujeitos a um
regime autoritário, intolerante e repressivo, hostilizado pela comunidade internacional e incapaz
de se renovar ou de compreender os ventos da História. Em 1974, após quase meio
século de ditadura, eram chocantes os índices de obscurantismo e de
subdesenvolvimento do país, havia medos e ameaças que nos cercavam por toda a
parte e que moldavam as nossas mentalidades e instalara-se o cansaço por uma
guerra dolorosa e sem sentido. O país ansiava por mudança e, no dia 25 de Abril
de 1974, um grupo de militares organizado em torno do Movimento das Forças
Armadas iniciou o desafio e a missão histórica de abrir as portas à
democratização, à descolonização e ao desenvolvimento por que o povo ansiava.
Não foram necessários tiros e o movimento que teve imediato apoio popular,
tornou-se triunfante em poucas horas. O país transformou-se desde esse dia e a
Europa e o mundo rejubilaram com o fim da “mais velha ditadura da Europa”. A partir de então, com a democratização e a descolonização, Portugal retomou o seu lugar no concerto das nações.
Hoje perfazem-se 45 anos sobre esse dia de libertação e de esperança que o
jornal Público assinala. Viva o 25 de Abril!