sábado, 27 de outubro de 2018

A encruzilhada em que está o Brasil

Amanhã realiza-se a 2ª volta das eleições presidenciais brasileiras e o mais provável, segundo as sondagens que são conhecidas, é que o candidato Jair Bolsonaro seja o vencedor e o candidato Fernando Haddad seja derrotado. Porém, qualquer que seja o vencedor, o facto é que o Brasil está muito dividido e cada vez mais agitado, pelo que vai entrar num período de grande instabilidade política e social. As posições estão extremadas entre os que querem o fim da corrupção e da violência e se agarram a Bolsonaro, e os que temem o regresso da ditadura e da repressão e que se juntam a Haddad.  O que vai acontecer é que o futuro Presidente não vai ter uma base social de apoio suficientemente alargada para fazer o que tem que ser feito contra a corrupção e contra a violência que, só no último ano, deu origem a mais de 60 mil mortos, o que é uma vergonha para o Brasil e para toda a Humanidade. O combate aos males que afectam a sociedade brasileira precisa de um consenso alargado que não existiu antes e que agora se tornou mais difícil. O fosso entre o Brasil de Bolsonaro e o Brasil de Haddad aprofundou-se. E há, ainda, os problemas da geografia, isto é, os problemas e as tensões naturais num país de uma enorme dimensão, de grandes assimetrias sociais e regionais.
Hoje, a edição do semanário Expresso dedica grandes espaços às eleições brasileiras e publica uma ilustração da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, em que os braços abertos da paz estão substituidos pelo cano das armas. É certamente uma liberdade ilustrativa, porque ninguém pode pensar que a rivalidade e a agressividade políticas que hoje se vivem no Brasil se possam transformar noutra coisa qualquer. O que tem que valer é o título do jornal: ódio não!