terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Conversa entre a Rússia, os EUA e a NATO

Desde o fim da 2ª Guerra Mundial que a paz e a estabilidade mundiais se têm polarizado em torno dos poderes de Washington e de Moscovo e, com maior ou menor intensidade, a tensão tem sido permanente entre americanos e russos. Parece mesmo que a manutenção dessa tensão, ou mesmo dessa recíproca ameaça, é a necessidade que cada um desses blocos tem de construir os seus nacionalismos e de alimentar os seus complexos militares-industriais e, naturalmente, as suas economias.
Nos meses mais recentes essa tensão acentuou-se. Os americanos acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de soldados na sua fronteira com a Ucrânia, como acção preparatória de uma invasão daquele país, o que os responsáveis russos têm negado. Por outro lado, os russos acusam os americanos e a NATO de fazerem repetidas manobras militares junto das suas fronteiras e exigem que a Ucrânia não seja integrada na estrutura militar da NATO. Estão em jogo tanto a segurança russa como a segurança europeia, forjadas depois da Guerra Fria e da implosão da União Soviética, quando vários países desse antigo bloco aderiram à União Europeia e à NATO.
Por isso, o encontro havido em Genebra no passado domingo e na segunda-feira, entre as delegações americana e russa, foi um passo muito positivo para desanuviar a tensão. Amanhã em Bruxelas, delegações da Rússia e da NATO reunirão e o tema da agenda vai ser a segurança europeia. Entre estas duas reuniões apareceu o norueguês Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, a dizer que a sua organização está inquieta quanto aos riscos de um conflito na Ucrânia e que a NATO se deve preparar para um falhanço da diplomacia, porque “o risco de um novo conflito é real”.
Estes importantes encontros foram tema em destaque no The Wall Street Journal, mas a generalidade dos jornais de referência preferiu destacar o caso do tenista Novak Djokovic ou alimentar o noticiário sobre a variante ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a covid-19. Os gritos de alarme do falcão Stoltenberg parece não serem partilhados, nem pela generalidade da imprensa, nem pelos líderes europeus.