Desde o fim da 2ª
Guerra Mundial que a paz e a estabilidade mundiais se têm polarizado em torno
dos poderes de Washington e de Moscovo e, com maior ou menor intensidade, a
tensão tem sido permanente entre americanos e russos. Parece mesmo que a
manutenção dessa tensão, ou mesmo dessa recíproca ameaça, é a necessidade que cada
um desses blocos tem de construir os seus nacionalismos e de alimentar os seus
complexos militares-industriais e, naturalmente, as suas economias.
Nos meses mais
recentes essa tensão acentuou-se. Os americanos acusam a Rússia de ter
concentrado dezenas de milhares de soldados na sua fronteira com a Ucrânia,
como acção preparatória de uma invasão daquele país, o que os responsáveis
russos têm negado. Por outro lado, os russos acusam os americanos e a NATO de
fazerem repetidas manobras militares junto das suas fronteiras e exigem que a
Ucrânia não seja integrada na estrutura militar da NATO. Estão em jogo tanto a
segurança russa como a segurança europeia, forjadas depois da Guerra Fria e da
implosão da União Soviética, quando vários países desse antigo bloco aderiram à
União Europeia e à NATO.
Por isso, o
encontro havido em Genebra no passado domingo e na segunda-feira, entre as delegações
americana e russa, foi um passo muito positivo para desanuviar a tensão. Amanhã em Bruxelas, delegações
da Rússia e da NATO reunirão e o tema da agenda vai ser a segurança europeia. Entre estas duas reuniões
apareceu o norueguês Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, a dizer que
a sua organização está inquieta quanto aos riscos de um conflito na Ucrânia e
que a NATO se deve preparar para um falhanço da diplomacia, porque “o risco de
um novo conflito é real”.
Estes importantes
encontros foram tema em destaque no The Wall Street Journal, mas a
generalidade dos jornais de referência preferiu destacar o caso do tenista Novak Djokovic
ou alimentar o noticiário sobre a variante ómicron
do coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a covid-19.
Os gritos de alarme do falcão Stoltenberg parece não serem partilhados, nem pela
generalidade da imprensa, nem pelos líderes europeus.