O Brasil parece
estar sob a crescente influência das milícias
digitais, uma expressão que se vem impondo na cobertura mediática para
definir aqueles que actuam organizadamente nas redes sociais e em aplicações de
troca de mensagens com o objectivo de influenciar resultados políticos, através
da mentira, da difamação, da violência e da intimidação. Porém, as chamadas milícias digitais não são um exclusivo
brasileiro, estiveram activas sob as ordens de Donald Trump e a sua acção é bem evidente nos nossos dias, como se vê na manipulação da opinião pública internacional
a respeito do conflito na Ucrânia.
No que respeita à milícia digital
bolsonarista, segundo revela a última edição da revista IstoÉ, trata-se de uma
organização criminosa que é comandada por gente da confiança de Jair Bolsonaro e
que difunde mentiras sob a forma de fake
news para atacar a reputação dos seus adversários políticos, estando
agrupada no chamado gabinete do ódio,
instalado no terceiro andar do palácio do Planalto a poucos metros do gabinete
do presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal brasileira estará a investigar esta
grave situação de ataque à democracia, que terá começado a manifestar-se durante
a campanha eleitoral que em 2018 levou Bolsonaro à presidência, com 55% dos
votos e com vitória em 16 dos 27 estados brasileiros.
O gabinete do ódio dispõe de diversos
núcleos operacionais e é dirigido pelo senador Flávio Bolsonaro e pelo vereador
Carlos Bolsonaro, filhos de Jair Bolsonaro. O seu principal objectivo é o ataque ao ex-presidente Lula da Silva, que tem sido alvo de mentiras, calúnias e notícias
distorcidas, não só para o difamar, mas também para encobrir a gestão
bolsonarista que levou o Brasil ao retrocesso económico e social.
O facto é que
quem assiste diariamente aos noticiários televisivos portugueses, não tem
dificuldade em constatar que, também por cá, existem milícias semelhantes às milícias
digitais bolsonaristas.