domingo, 21 de fevereiro de 2021

Navegando ao longo das costas do Chile

O jornal El Llanquihue que desde 1885 se publica na cidade chilena de Puerto Montt, destaca na sua última edição uma fotografia a seis colunas do navio-escola Esmeralda da Armada do Chile, que se encontra de visita ao porto.
O Esmeralda é um veleiro de quatro mastros e 113 metros de comprimento, que foi construído nos estaleiros espanhóis de Cádiz e que foi incorporado na Marinha Chilena em 1954. Todos os anos o navio cumpre uma viagem de instrução de guardas-marinhas, durante a qual visita diversos países, mas neste ano de 2021 em que efectua o seu 66º Cruzeiro de Instrução, todo o seu programa se alterou devido à crise pandémica e os seus 280 tripulantes, em que se incluem 93 guardas-marinhas e 41 marinheiros, não sairão de águas nacionais.
As viagens ao estrangeiro despertam sempre entusiasmos nos jovens que escolheram a profissão do mar mas, em termos de instrução, os formandos chilenos não têm nada a perder por não saírem das águas nacionais. 
O Chile é um país sui-generis, que ocupa uma longa e estreita faixa de território sul-americano com 6.435 quilómetros de linha de costa, muito recortada e com muitas ilhas, que inclui o sinuoso estreito de Magalhães. Por isso, esta viagem de 118 dias pelas águas chilenas constitui um desafio para aqueles que pretendem aprender as técnicas da navegação e uma oportunidade para conhecerem melhor as suas próprias hidrografia e oceanografia, mas também uma ocasião para que o navio seja visto em portos secundários. A visita a Puerto Montt, um importante porto chileno, é um bom exemplo desse propósito, pois o Esmeralda não o visitava desde 1980, embora esta seja uma visita simbólica e logística uma vez que, por causa da pandemia, ninguém vai desembarcar e não haverá visitas a bordo.

A população da ilha do Corvo foi vacinada

Num tempo em que, por todo o mundo, o quotidiano está a ser dominado pelo covid-19 e pelas vacinas, sobretudo no que respeita aos atrasos na sua produção e à sua consequente escassez, o jornal Público anuncia hoje que “há uma ilha em Portugal onde todos os habitantes já estão vacinados” e publica uma fotografia da ilha do Corvo. O aparecimento da ilha do Corvo na primeira página de um jornal de referência é, só por si, um acontecimento!
A ilha do Corvo é o território mais ocidental da Europa, tem apenas 17 quilómetros quadrados de superfície e começou a ser habitado em permanência por volta de 1580. No seu historial há incursões de corsários ingleses e de piratas magrebinos, mas também a curiosidade da pequena povoação ter sido elevada à condição de vila e sede de concelho em 1832 por D. Pedro IV, em reconhecimento do seu apoio à causa liberal.
O isolamento da ilha foi sempre muito grande e manteve-se até data bem recente, só começando a ser quebrado pelo estatuto de autonomia açoriana, que foi consagrado constitucionalmente depois de Abril de 1974. Foi a partir de então que começou a ser construída uma nova história desta ilha, que teve total consagração quando no dia 28 de Setembro de 1983 foi inaugurado o aeródromo do Corvo, com uma pista de 800 metros. Hoje a ilha do Corvo tem cerca de 450 habitantes e as suas principais necessidades básicas estão satisfeitas, pois tem um médico residente, cobertura por telefone e internet, agência bancária e multibanco e, segundo informava uma recente reportagem televisiva, tem 22 professores que lecionam os cerca de cinquenta estudantes que frequentam as doze classes do ensino básico e secundário.
Ao falarmos da ilha do Corvo, que várias vezes visitamos nos tempos do isolamento, não podemos deixar de evocar a memória do nosso amigo Óscar José Nunes, um estudioso corvino que bem conhecia a cultura local, que recebia com cordialidade os poucos visitantes que desembarcavam no Portinho da Casa e que, durante 32 anos, representou a autoridade marítima na ilha.