segunda-feira, 4 de abril de 2022

Que venha o cessar-fogo e bem depressa!

Nas guerras modernas como aquela que está a devastar a Ucrânia, são decisivos os papéis desempenhados pela propaganda e pela contrainformação, não só para mobilizar as populações e os combatentes, mas também para agitar as opiniões públicas internacionais e para assegurar apoios políticos ou militares de governos estrangeiros.
Por isso, quando se está a cerca de 3.500 quilómetros de Kiev e sem a pressão emocional e directa da tragédia, é normal que haja muita desconfiança quanto às notícias que nos chegam, pois incluem distorções e mentiras que se repetem nas televisões e nas redes sociais, adquirindo por vezes o estatuto de notícias verdadeiras. Dessa forma, pouco sabemos sobre o que realmente se passa na Ucrânia, embora saibamos do drama dos refugiados, da enorme destruição nas cidades e da corajosa resistência popular ucraniana. Desconhecemos, também, se há envolvimento de forças estrangeiras nos combates, quais são e de quem são os avanços e os recuos e, ainda, qual é o real andamento das negociações para um cessar-fogo cada vez mais urgente.
Porém, a retirada russa dos arredores de Kiev veio permitir a divulgação de imagens captadas em Bucha, nos arredores da capital, em que se vêm centenas de cadáveres de civis, aparentemente executados pelas tropas russas. Essas imagens aparentam ser verdadeiras e estão a gerar grande indignação internacional, com o regime de Putin a ser acusado de genocídio. Há suspeitas de torturas e de massacres. Há fortes indícios de crimes de guerra a lembrar My Lai (1968), Wiriyamu (1972) e Srebenica (1995), mas também pode haver alguma encenação para incriminar os russos. A exigência de uma investigação independente que foi reivindicada pelas Nações Unidas é absolutamente necessária para conhecer a verdade.
Nas suas edições de hoje a imprensa internacional faz eco da horrível situação que foi encontrada em Bucha e o jornal francês Libération usa a palavra barbárie para a descrever. Quanto tempo irá decorrer até que saibamos a verdade sobre a trágica realidade encontrada em Bucha?