quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Brasil: pra tudo se acabar na quarta-feira

Nos últimos dias, a imprensa de diversos países de expressão ibérica destacou os festejos de Carnaval, sobretudo no Brasil, em Portugal e no sul da Espanha, mas também nas ilhas Canárias, no arquipélago de Cabo Verde e na cidade de Luanda, onde foi considerada a maior manifestação cultural do país. Mais longe, no pequeno território de Goa, também os festejos de Carnaval tiveram destaque na imprensa goesa.
Porém, a grande festa do Carnaval acontece no Brasil, que é conhecido como o “país do Carnaval”, em especial na cidade do Rio de Janeiro, onde é o acontecimento da cultura popular mais emocionante que ocorre na cidade, com os seus sumptuosos desfiles das escolas de samba e o entusiasmo do povo. A competição entre as escolas é semelhante à competição entre as equipas de futebol e a rivalidade entre escolas é indescritível, como se verifica nos relatos da imprensa e nas multidões de apoiantes que acorrem ao sambódromo para assistir aos desfiles e apoiar a sua escola, para que seja considerada a melhor ou a campeã.
O jornal carioca O Globo destaca o mérito da escola Beija-Flor, mas neste ano de 2023 a campeã foi a escola Imperatriz Leopoldinense, a vice-campeã foi a escola Unidos do Viradouro, seguidos da Unidos de Vila Isabel, da Beija-Flor de Nilópolis, da Estação Primeira de Mangueira e da Académicos do Grande Rio. Depois, como diz a canção do cantor e compositor Martinho da Vila, o nome artístico de Martinho José Ferreira, “pra tudo se acabar na quarta-feira”.

A grande paixão / Que foi inspiração / Do poeta é o enredo
Que emociona a velha-guarda / Glória a quem trabalha o ano inteiro 
São escultores, são pintores, bordadeiras 
São carpinteiros, vidraceiros, costureiras/Figurinista, desenhista e artesão  
Gente empenhada em construir a ilusão / E que tem sonhos
Como a velha baiana / Sonho de rei, de pirata e jardineira 
Pra tudo se acabar na quarta-feira.

Um ano de guerra na Ucrânia (III)

Desde há muito tempo que o conflito ucraniano já era uma “sfida diretta”, ou um desafio directo entre a Rússia e os Estados Unidos, como hoje destaca o jornal milanês Corrierre della Sera, mas os discursos ontem pronunciados por Vladimir Putin e por Joe Biden apenas vieram confirmar essa realidade, o que mostra como Zelensky, Rishi Sunak, Macron e Scholtz são figuras importantes mas secundárias, ou que a Europa não foi capaz de resolver o problema ucraniano. Nessa perspectiva, tanto Ursula von der Leyen, como Jens Stoltenberg e Josep Borrell pouco valem, enquanto essa fulgurante figura da diplomacia mundial que é João Gomes Cravinho, se vem esforçando por aparecer, embora só diga banalidades e asneiras. Ontem também se destacaram as declarações de Wang Wenbin, o porta-voz do ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, que pediu aos Estados Unidos “para não alimentarem o conflito ucraniano” e acusou-os de estarem “a lucrar imensamente com a guerra”, ao mesmo tempo que lhes recordava a retirada do Afeganistão. Hoje, Putin e Xi Jinping reúnem-se em videoconferência e entre os temas em discussão vai estar “a retórica extremamente agressiva da NATO e dos Estados Unidos”.
Estamos, portanto, num patamar de conflito em acelerado agravamento e cada vez mais perigoso. Desde há muito tempo que algumas vozes diziam que a paz na Ucrânia devia ser negociada entre Moscovo e Washington, mas as declarações ontem proferidas em Moscovo e Varsóvia, tal como o que ontem também foi dito em Pequim, vieram lançar enormes preocupações quanto ao futuro e confirmar que terão que ser Putin e Biden a resolver o problema e acabar com o sofrimento do povo ucraniano e com esta ameaça que paira sobre a Europa e o mundo. Eles conhecem-se há muitos anos e, no seu último encontro presencial que aconteceu em Genebra em Junho de 2021, não ficaram amigos, mas elogiaram-se mutuamente e foram classificados como bons negociadores.