sábado, 23 de março de 2024

O regresso do independentismo catalão

No próximo dia 12 de maio realizam-se eleições antecipadas na Região Autónoma da Catalunha, depois do governo de Pere Aragonès ter visto o parlamento regional rejeitar o seu orçamento para 2024.
Nas últimas eleições realizadas em 2021, o Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC) foi o mais votado, mas uma coligação pós-eleitoral entre os partidos independentistas – a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) de Pere Aragonès e o Juntos pela Catalunha (JxCat) de Carles Puigdemont – permitiu que Aragonès liderasse a Generalitat. Porém, os dois partidos independentistas (a ERC mais à esquerda e mais moderada e o JxCat mais à direita) assumiram a ruptura em outubro de 2022, com o JxCat a abandonar o governo e com a ERC a governar só e sem apoio parlamentar. 
A rejeição do orçamento para 2024 determinou a realização das próximas eleições e o retorno de um cenário de confronto generalizado entre “espanhóis e catalães” é cada vez mais provável, sobretudo depois do eurodeputado e antigo presidente da Generalitat Carles Puigdemont, que continua foragido à Justiça, ter apresentado a sua candidatura com o objectivo de conseguir “a restituição da presidência da Generalitat, de onde foi afastado em 2017”, ao mesmo tempo que já prometeu “concluir com sucesso o processo de independência iniciado em outubro de 2017”.
A ERC já recusou qualquer tipo de aliança com a JxCat e as primeiras sondagens indicam que o favorito é o socialista Salvador Illa, mas o que nesta altura é mais previsível é um aumento da luta política e da instabilidade social resultantes do reacendimento da luta independentista catalã, ou como titulava hoje o jornal El Mundo, o regresso de el ‘procés’, que é a designação simplificada por que é conhecido o processo independentista da Catalunha.