segunda-feira, 23 de abril de 2012

Uma nova esperança para a Europa

Decorreram ontem as eleições para a Presidência da República Francesa e de acordo com os resultados divulgados, o candidato socialista François Hollande obteve 28,6% dos votos, enquanto o candidato conservador Nicolas Sarkozy obteve 27,3%. No dia 6 de Maio, estes dois candidatos vão disputar a segunda volta das eleições presidenciais e, naturalmente, serão os franceses a escolher o seu próximo Presidente. Porém, o tema ultrapassa as fronteiras francesas. A imprensa internacional e os comentadores estão muito atentos e estão divididos quanto ao previsível resultado final, mas todos estão de acordo em relação à importância que esse resultado vai ter, não só para os 60 milhões de franceses, mas sobretudo para os 500 milhões de europeus. Uma vitória de Sarkozy representará a continuidade das actuais políticas financeiras, o risco de fragmentação do projecto europeu, uma certa subalternização da França e o apoio à estratégia que a chanceler alemã tem imposto à Europa e que tanto tem humilhado os países do sul. Uma vitória de Hollande não significa apenas que a grandeza da França pode renascer mas, sobretudo, poderá representar uma nova oportunidade e uma nova esperança para a Europa, com mais crescimento económico e mais emprego, com mais solidariedade e menos arrogância. Vamos estar atentos pois pode ser que se acenda uma luz e se abra uma via de esperança para a Europa.

No bom caminho?

Victor Louçã Rabaça Gaspar é o Ministro das Finanças. O homem parece que gosta muito de viajar pois está a disputar com o MNE o título de maior frequent flyer deste governo. Há um mês esteve nos Estados Unidos e agora voltou em mais uma visita de submissão. Antes disse que estávamos a chegar a meio da ponte. Agora disse que estamos no bom caminho, embora o FMI nos trace um futuro negro. Será que ele acredita nisso? Será que este desânimo colectivo que nos consome e nos desgraça é um bom caminho? Se o Ministro viajasse menos pelo estrangeiro e passasse mais tempo a observar a nossa realidade, talvez não dissesse a mesma coisa. O homem pode ser um bom contabilista, mas deveria saber que não basta a leitura dos indicadores económicos, que muitas vezes não são credíveis ou até são enganadores, para verificar que é indispensável a observação directa no terreno para perceber a nossa realidade. E o que observamos nós? Um povo descrente e desanimado, uma multidão de jovens a abandonar o país, uma coesão social cada vez mais precária, uma desigualdade cada vez mais acentuada, um desemprego a aumentar e a ultrapassar os 15%, a falência ou a cessação de actividade de inúmeras empresas, o fisco a vender 95 casas penhoradas por dia e o crédito malparado a passar dos 5%. E cada vez mais impostos e cada vez menos esperança. E cada vez mais injustiça. Este é que é o bom caminho? As famílias continuam a empobrecer e há fortes indícios de fragmentação social, com o aumento da insegurança e da violência, enquanto uma pequena classe de privilegiados, quase sempre devido à sua militância partidária, continua a beneficiar de elevadíssimas remunerações, bónus, mordomias e de uma total isenção dos sacrifícios que são exigidos à generalidade da população. Eu gostava que estivéssemos no bom caminho, mas infelizmente não estamos. O contabilista Gaspar está muito enganado.