Victor Louçã Rabaça Gaspar é o Ministro das Finanças. O homem parece que gosta muito de viajar pois está a disputar com o MNE o título de maior
frequent flyer deste governo. Há um mês esteve nos Estados Unidos e agora voltou em mais uma visita de submissão. Antes disse que estávamos a chegar a meio da ponte. Agora disse que estamos no
bom caminho, embora o FMI nos trace um futuro negro. Será que ele acredita nisso? Será que este desânimo colectivo que nos consome e nos desgraça é um
bom caminho?
Se o Ministro viajasse menos pelo estrangeiro e passasse mais tempo a observar a nossa realidade, talvez não dissesse a mesma coisa. O homem pode ser um bom contabilista, mas deveria saber que não basta a leitura dos indicadores económicos, que muitas vezes não são credíveis ou até são enganadores, para verificar que é indispensável a observação directa no terreno para perceber a nossa realidade.
E o que observamos nós? Um povo descrente e desanimado, uma multidão de jovens a abandonar o país, uma coesão social cada vez mais precária, uma desigualdade cada vez mais acentuada, um desemprego a aumentar e a ultrapassar os 15%, a falência ou a cessação de actividade de inúmeras empresas, o fisco a vender 95 casas penhoradas por dia e o crédito malparado a passar dos 5%. E cada vez mais impostos e cada vez menos esperança. E cada vez mais injustiça.
Este é que é o
bom caminho? As famílias continuam a empobrecer e há fortes indícios de fragmentação social, com o aumento da insegurança e da violência, enquanto uma pequena classe de privilegiados, quase sempre devido à sua militância partidária, continua a beneficiar de elevadíssimas remunerações, bónus, mordomias e de uma total isenção dos sacrifícios que são exigidos à generalidade da população. Eu gostava que estivéssemos no
bom caminho, mas infelizmente não estamos. O contabilista Gaspar está muito enganado.