Ontem o jornal The
Star que se publica em Joanesburgo, destacava como título de primeira página as palavras morte e destruição, enquanto as televisões nos mostravam imagens de
tiroteios, estradas bloqueadas, assaltos a lojas e pilhagens a centros
comerciais. A tensão e a violência que atingem grande parte do país, que alguns
já referem como uma quase guerra civil, resulta da condenação do ex-presidente
Jacob Zuma a 15 meses de prisão por se recusar a testemunhar num processo sobre
corrupção durante o seu mandato, mas também é uma consequência de uma grave
situação económica com o desemprego a ultrapassar os 32% e de uma preocupante
situação sanitária devida ao covid-19,
pois apenas 1% da população está vacinada e há uma incontrolável onda de
contágios e de mortes.
Jacob Zuma é
suspeito de corrupção, mas durante o apartheid
passou dez anos na prisão de Robben Island, ao lado de Nelson Mandela, pelo
que é uma figura de prestígio na política sul-africana. Tendo começado por
recusar o cumprimento da pena de 15 meses a que foi condenado por desrespeito
ao tribunal e não por corrupção, por fraude ou por extorsão que terão marcado a
sua presidência (2009-2018), veio a decidir entregar-se. O facto é que irrompeu
de imediato uma onda de grande violência com mortes e destruições na sua província
de Kwazulu-Natal, que alastrou a Joanesburgo e a outras regiões do país.
Daí que haja
profundas preocupações na República da África do Sul quanto ao caos e à
violência que se está a instalar no país, tendo o ANC – African National
Congress que Jacob Zuma liderou entre 2007 e 2017, apelado aos seus militantes
para que “fiquem calmos”. A apreensão é grande entre os 500 mil membros da
comunidade portuguesa e luso-descendente na África do Sul.