O jornal Público
evoca na sua edição de hoje o 30º aniversário da morte de Fernando Salgueiro
Maia, o capitão que no dia 25 de Abril de 1974 comandou a coluna de blindados que saiu de Santarém e se dirigiu para Lisboa. Na capital começou por ocupar o
Terreiro do Paço onde resistiu às forças que se lhe opuseram e, ao fim da tarde,
montou o cerco ao quartel do Carmo, forçando a rendição de Marcelo Caetano, o
presidente do Conselho de Ministros. Com a sua enorme coragem e grande determinação, Salgueiro Maia deu o principal passo para o derrube da ditadura do Estado Novo e para a instauração da democracia, tornando-se muito justamente num dos maiores símbolos dessa data libertadora, a par de Otelo
Saraiva de Carvalho e de outros militares.
Salgueiro Maia morreu
em 1992 por doença, quando tinha 47 anos de idade. Apesar de lhe terem sido
abertas todas as portas do poder, sempre recusou privilégios ou cargos confortáveis
e bem remunerados com que o sistema costuma proteger os mais ambiciosos ou os menos
escrupulosos. Essas circunstâncias tornaram-no um militar respeitado, tanto
pelos seus companheiros, como pelos seus adversários. O povo compreendeu o seu
destacado papel na mudança do regime político, bem como a sua coragem física e
a sua generosidade cívica. O seu nome passou a fazer parte da toponímia das
nossas cidades e vilas, inspirou criadores e autores, dando origem a manifestações
culturais de toda a ordem, na literatura, na música, no cinema e na arte urbana.
O filme Salgueiro Maia, o implicado
que vai estrear brevemente, é um dos mais recentes tributos à memória do
capitão que “nunca quis ser herói”.
Aqui lhe presto,
também, a minha grata homenagem.