As eleições
parlamentares espanholas de 23 de julho deram a vitória ao PP de Alberto Núñez
Feijóo, mas foi o PSOE de Pedro Sánchez que veio a ser investido como
primeiro-ministro por ter conseguido formar uma coligação maioritária com a
plataforma de esquerda Somar, a que se associaram os independentistas e os
nacionalistas. Esta solução é muito controversa por incluir ou ter o apoio dos
separatistas catalães, mas dela resultou um governo que tomou posse no dia 21
de novembro e tem sido muito criticado por juntar gente de bem diferentes
ideologias.
Esse governo de
22 ministros inclui Ernest Urtasun, que é o ministro da Cultura e que foi
indicado pela plataforma Somar, o qual se apresenta com um programa audacioso.
Assim, já tratou de ordenar que os 17 museus nacionais que são tutelados pelo
governo espanhol, revejam as suas colecções e adaptem a sua programação a uma
narrativa que permita “superar um enquadramento colonial ou enraizado em
hábitos etnocêntricos que tantas vezes prejudicaram a forma como se vê o
património, a história e as heranças artísticas”. Porém, associado a esta “nova
leitura” do património museológico espanhol, também está a questão da
restituição de bens culturais às antigas colónias, que é um assunto sensível e
que vem preocupando vários países europeus.
Na sua edição de
Sevilha, o jornal ABC trata hoje deste assunto, designa-o como o “Plan de
descolonización del Gobierno” e inclui vários depoimentos em defesa de uma das
17 instituições-alvo: o famoso e emblemático Archivo General de Indias. Este
arquivo está instalado em Sevilha e foi criado em 1785 para centralizar e
organizar a vasta quantidade de documentação relativa ao império colonial
espanhol. Em 1987 o Archivo de Indias, a Catedral e o Alcazar de Sevilha foram
inscritos na World Heritage List da
Unesco e, segundo alguns especialistas, esta classificação não autoriza o
ministro Ernest Urtasun a tomar quaisquer medidas em relação ao mais importante
arquivo histórico espanhol.
Porém, este
assunto vai ter desenvolvimentos e não deixará de chegar a Portugal.