A ignorância e incompetência com que as potências ocidentais, os seus dirigentes
máximos e os seus gabinetes de estratégia trataram as chamadas primaveras
árabes, levaram ao afastamento de alguns dos seus líderes mais contestados como
Saddam Hussein e Muammar Kadaffi, enquanto agora se procura abater Bashar
al-Assad. Com o vazio político criado, o poder caiu na rua e a desordem impôs-se nesses
países. Na ausência do poder que o ocidente abateu ou desautorizou, surgiu a
guerra no Iraque com base numa mentira e a guerra na Síria com base numa
teimosia e, daí, surgiu um radicalismo terrorista consubstanciado no ISIS. Apesar
de todas as acções militares em curso, o jihadismo está a alastrar e, embora
por formas diferentes, atingiu interesses russos, feriu a França com enorme
crueldade e, aparentemente, até chegou aos Estados Unidos.
A Líbia é agora o
novo foco onde se concentram as atenções jihadistas porque fica na encruzilhada
da Europa, África e Médio Oriente. Aí, o ISIS não só dispõe do arsenal militar
que sobrou da guerra contra Kadaffi como tem engrossado as suas fileiras com
novos combatentes. Sabe-se que está a treinar pilotos na base aérea de Sirte e
que a travessia do Mediterrâneo demora menos de uma hora. É a nova ameaça para
a Europa, como Kadaffi avisara.
Entretanto, como
hoje revela o jornal londrino The Times, o ISIS invadiu o Afeganistão, isto é, um grupo de 1600 combatentes
islâmicos internou-se na zona leste do Afeganistão, junto da fronteira
com o Paquistão. É o Wilayat Khurasan, a versão afegã do ISIS. Ocupou quatro distritos a sul da cidade de Jalalabad, a pouco mais de uma centena de quilómetros da capital Kabul, tendo instalado um campo de treino militar e procedido a julgamentos
corânicos e a decapitações públicas.
Não sei o que
mais é preciso para Obama, Putin, Xi Jinping, Hollande, Cameron, Merkel e não sei quem mais, se
entenderem.