domingo, 6 de julho de 2014

Uma estranha aliança na ajuda ao Iraque

A vitoriosa campanha militar que tem sido conduzida pelas forças do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) levou à proclamação de um califado que abrange uma boa parte do território sírio e mais de um terço do território iraquiano, onde se incluem as cidades de Falluja, Mossul e Tikrit, bem como algumas das áreas-chave da produção petrolífera. As forças  jihadistas aproximam-se agora de Bagdad e há crescentes sinais de desintegração do Estado e das instituições iraquianas, a mostrar que a intervenção americana no Iraque e o derrube de Sadam Hussein não trouxeram estabilidade à região.
A situação começa a ser alarmante e é um complexo enigma, segundo informa a edição de fim de semana do jornal Le Monde. O jornal destaca que está constituída uma "estranha aliança" ou uma inesperada coligação entre o Irão, os Estados Unidos e a Rússia para apoiar as autoridades iraquianas contra os jihadistas radicais e os seus aliados sunitas, materializada em drones e conselheiros americanos, guardas da revolução iranianos e aviões e pilotos russos. Porém, ali ao lado, na guerra da Síria estes países estão em posições opostas. Enquanto o Irão e a Rússia apoiam o regime de Bashar al Assad, os Estados Unidos têm apoiado a oposição síria e, desta estranha atitude ou desta americanice, resulta que o EIIL recebe armas, dinheiro e apoio político americano no território sírio, enquanto do outro lado da fronteira, no território iraquiano, é afrontada por conselheiros militares americanos e por drones Predactor equipados com mísseis Hellfire.
O que está para acontecer no Iraque e na Síria, mas também em toda aquela região, é uma grande interrogação, mas parecem não restar dúvidas de que a política externa americana tem muitas responsabilidades, por acção ou omissão, naquilo que por lá se passa. Muito por amor do petróleo...

O poder naval é um símbolo de prestígio

Anteontem foi um grande dia para a Royal Navy e para a indústria da construção naval britânica pois foi lançado à água nos estaleiros escoceses de Rosyth o maior navio de guerra jamais construído no Reino Unido: o HMS Queen Elizabeth. A Rainha baptizou o novo porta-aviões numa cerimónia cheia de simbolismo, pois em vez do tradicional lançamento de uma garrafa de champanhe contra o costado do novo navio, foi utilizada uma garrafa de whisky em homenagem aos trabalhadores do estaleiro. O navio será a peça principal da capacidade militar britânica do século XXI, juntamente com o HMS Prince of Wales que também está em construção. Com 65.000 toneladas de deslocamento, aqueles navios poderão actuar em todo o mundo, não só em acções militares, mas também em operações de carácter humanitário.
Ontem, o diário The Scotsman não “esqueceu” que a Escócia está apenas a 11 semanas do seu referendo sobre a independência e lembrou que o navio foi "made in Scotland", embora dedicasse toda a sua primeira página ao evento e salientando que era um dia de orgulho para a Royal Navy e para as mais de 10 mil pessoas que têm trabalhado na contrução dos navios, até porque foi um desafio de uma complexidade sem precedentes. Não faltou ninguém a este grande evento: a Rainha e o Príncipe Filipe, o Primeiro Ministro David Cameron, o líder da oposição, muitos deputados e o Primeiro Ministro da Escócia Alex Salmond, que se fez acompanhar pelo pai Robert, que tem 92 anos de idade e que, como sargento, fez parte da guarnição de dois porta-aviões ingleses durante a guerra.
O curioso de tudo isto é a atenção que a Grã-Bretanha dá à sua Defesa e à sua Marinha, bem como a sua vontade de manter um poder naval forte e de “governar os mares”. Aqui, enquanto se gastaram (e continuam a gastar) milhares de milhões de euros em bancos, PPP, swaps e outras fantasias financeiras, ainda há quem critique a aquisição de dois submarinos, ao mesmo tempo que assistimos a uma desastrada actuação de um ministro da Defesa que, objectivamente, visa o desprestígio das Forças Armadas e ainda não percebeu a importância interna e internacional que elas têm para o nosso país. Assim, com estas vistas tão curtas e tão servis, é muito difícil sermos respeitados internacionalmente.