Integrada nas Comemorações dos 500 Anos da Chegada dos Portugueses a Malaca, realizou-se ontem no Museu do Oriente em Lisboa, uma interessante conferência sobre a realidade socio-cultural do Bairro Português de Malaca, promovida pela Associação Cultural Coração em Malaca/Korsang Di Malacca. Esta associação foi criada em 2008 por iniciativa e com o entusiasmo de Luísa Timóteo e, entre os seus objectivos, está a preservação da identidade e da língua da comunidade luso-descendente de Malaca.
Malaca foi conquistada por Afonso de Albuquerque em 1511 e em 1641 foi perdida para os holandeses. Porém, a influência recebida nesse curto período de 130 anos perdurou no tempo através de uma comunidade luso-descendente que preservou a língua, a religião e diversas práticas culturais assimiladas dos portugueses. Em 1930, por sugestão de um missionário francês, foi criado o Bairro Português de Malaca para onde convergiram aqueles que se reclamavam de origem portuguesa e onde se continua a falar um crioulo português. Durante muitos anos a assistência religiosa a esta comunidade foi assegurada pelo Padre Pintado mas, actualmente, nem a Igreja nem o Estado portugueses prestam apoio à comunidade luso-descendente de Malaca, o que aliás acontece em outros locais da Ásia do Sul por onde os portugueses andaram.
As autoridades da Malásia têm procurado recuperar a antiga fortaleza - a Famosa - e manifestado apoio à preservação da cultura específica de Malaca, sobretudo depois da UNESCO ter declarado em 2008, os sítios de “Melaka and George Town, historic cities of the Straits of Malacca”, como Património Cultural da Humanidade.