sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O renascimento da tendência inflacionária

O ano de 2021 que recentemente nos deixou, foi marcado pela crise pandémica, pelo agravamento das alterações climáticas e, em termos económicos, por uma alta da inflação em quase todo o mundo. De entre os países mais desenvolvidos, a Argentina destacou-se e registou uma das mais elevadas taxas de inflação mundiais ao atingir 50,9 %, o que levou o diário El Dia, que se publica na cidade argentina de La Plata, a anunciar que “la inflación anual volvió a pasar la barrera del 50 %”, o que faz deste país que é rico em recursos, um caso permanente de instabilidade económico-financeira. 
Na lista das mais altas inflações verificadas em 2021, depois da Argentina, aparecem a Turquia com 36,08 % e o Brasil com 10,06 %. Com taxas de inflação tão elevadas, a política anti-inflacionista nestes países vai necessariamente assentar na subida das taxas de juro, o que representa uma quebra e uma maior selectividade no investimento e uma desaceleração do crescimento económico, com reflexo no produto, no emprego e na estabilidade social.
Porém, o problema do aumento da inflação generalizou-se em 2021. Nos Estados Unidos a inflação chegou aos 7 %, a mais alta em quase quarenta anos, na Espanha atingiu 6,5 %, na Holanda 5,7 %, na Alemanha 5,2 % e na Zona Euro foi de 5 %. Neste quadro há que realçar que a taxa de inflação média em Portugal foi de 1,3 %, conforme já foi anunciado pelo INE. 
Um caso a merecer destaque é o da Venezuela. Segundo anunciou o seu Banco Central, em 2021 a inflação atingiu 684,4 %, embora desde Setembro se tivesse verificado que a inflação se mantivesse na casa de um dígito, representando esta evolução uma substancial melhoria em relação a 2020, quando a inflação foi de 2.959,8 %.  
Em quaisquer circunstâncias, tendencialmente os próximos tempos vão ser mais difíceis e mais sombrios, com o dinheiro mais caro e mais escasso, a desaceleração do crescimento, a redução do investimento e do emprego.