O Presidente da República chegou à Austrália, depois de já ter visitado Timor-Leste e a Indonésia, numa viagem de onze dias que ainda o levará a Singapura, o que constitui a mais longa viagem que até agora empreendeu. É sabido que o actual Presidente tem viajado muito menos que os seus antecessores e esse facto deve ser salientado positivamente, como também deve ser elogiada a ideia de disponibilizar informação ao público sobre as actividades presidenciais através do sítio da Presidência. Porém, essas informações são manifestamente insuficientes no momento por que estamos a passar, marcado pelo brutal aumento do desemprego e da pobreza, pela perda de direitos dos trabalhadores e dos pensionistas, mas também pela quebra dos níveis de confiança e de coesão nacional. Os sacrifícios que estão a ser impostos à generalidade dos portugueses, exigem muita clareza nas despesas do Estado. A começar por cima. E se é admissível que o grande público desconheça o interesse nacional destas viagens, já não é aceitável que seja desconhecida a composição das respectivas comitivas, habitualmente muito extensas e com turistas pelo meio, bem como os critérios utilizados para a sua formação. Obviamente que, quem perdeu os subsídios de Férias e de Natal ou está desempregado, quer saber se estas visitas se justificam, bem como a composição da comitiva e o valor da respectiva factura presidencial, incluindo os custos das viagens e dos hotéis. Em tempo de vacas magras e de aperto, estas viagens deixam-nos atolados na dúvida.