A Comissão
Europeia lançou um balde de água fria sobre os privatizadores portugueses, ao
declarar que não tinha jurisdição para
avaliar o negócio da venda da TAP ao abrigo das regras europeias para as fusões, pelo que o
processo deverá ser avaliado pelas
autoridades nacionais competentes que, neste caso, é a Autoridade da
Concorrência (AdC). Os nossos privatizadores não esperavam essa decisão e
pensavam poder encostar-se a Bruxelas para se justificarem desta operação que
vai contra o interesse nacional e o sentimento dos portugueses. Assim, a velha
desculpa das imposições comunitárias foi desmascarada e a montanha pariu um
rato. De facto, depois da troika ter imposto a privatização total ou parcial da
TAP no Memorando que foi negociado com a participação activa de Catroga e
Moedas – como bem vimos através da televisão - e depois de dois concursos internacionais
realizados, esta decisão é ridícula, lamentável e deixa os privatizadores
portugueses entregues à sua obcecada cruzada. Seria a altura adequada, embora
tardia, para cancelar todo o processo, em vez de o entregar à AdC, cujo órgão
máximo de decisão é um Conselho constituído por um presidente e dois vogais,
todos escolhidos pelo actual governo, o que pode suscitar ainda mais dúvidas
quanto à transparência das suas decisões.
A obcessão pela privatização da TAP é uma questão ideológica
e uma farsa conduzida por fanáticos.
A TAP é uma das nossas “jóias da coroa” e não tem de passar
por estes processos, contra a vontade da opinião pública e o interesse
nacional. Depois de tantos elogios da Europa ao bom aluno lusitano e depois de
ter sido dito que os nossos cofres estavam cheios, pergunta-se para quê e
porquê esta teimosia privatizadora quando estamos a 5 semanas das eleições
legislativas? A continuar esta operação, ainda irá correr muita tinta...