quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

As boas notícias e o mau jornalismo

Penso que não exagero quando afirmo que a generalidade do jornalismo e da imprensa portuguesa estão a atingir patamares insuportáveis de mediocridade, de incompetência e de crescente alinhamento com interesses partidários e de outra natureza. O dever de informar com isenção e rigor está a deixar de ser a norma e os gatekeepers ou os editores parecem não perceber a sua função.
Ontem, no Fórum Económico Mundial que decorre em Davos, o primeiro-ministro António Costa anunciou que a multinacional norte-americana Google vai instalar em Oeiras a partir de Junho, um centro de serviços e hub tecnológico para a Europa, Médio Oriente e África, que criará de imediato cerca de 500 empregos altamente qualificados, sobretudo engenheiros.
A decisão resultou de uma competição internacional muito dura porque havia muitos candidatos a querer atrair o investimento da Google e, por isso, Paddy Cosgrave, o fundador da Web Summit, foi um dos primeiros a congratular-se com a decisão, enquanto por cá apenas Isaltino Morais se congratulou com a notícia.
É certo que nestas coisas é de boa prudência esperar para ver porque já se viu  que algunas vezes "a montanha pariu um rato", mas num país periférico e carente de investimento que crie emprego qualificado, a notícia é relevante e não pode deixar ninguém indiferente. Porém, o facto é que só o Diário de Notícias se referiu ao assunto num canto “escondido” da sua primeira página e que nenhum outro jornal a destacou, preferindo escolher títulos irrelevantes. Lamentável ou talvez um caso de má fé. Começamos a ficar habituados a uma imprensa da treta, que não se cansa de falar em Tancos e na legionella, mas que não enfatiza a redução progressiva e acentuada do défice, a redução da dívida, a antecipação de pagamentos ao FMI, a melhoria dos ratings das agências de notação financeira ou os novos investimentos estrangeiros em Portugal. É mesmo muito lamentável.

Goa: uma vez mais o Monte Music Festival

Foi anunciada em Goa a realização da 16ª edição do Monte Music Festival, um evento que é organizado desde 2002 pela Fundação Oriente e que é uma das mais importantes iniciativas culturais portuguesas no estrangeiro, sem qualquer interferência estatal.
Durante três dias, de 2 a 4 de Fevereiro, muitas centenas de pessoas convergem para os espaços circundantes da capela de Nossa Senhora do Monte em Velha Goa, originalmente construida nos primeiros anos do século XVI e restaurada pela Fundação Oriente em finais do século passado, para assistir a um programa musical de grande qualidade estética, que já goza de grande prestígio em toda a Índia.
Nesse programa que anualmente se renova e que decorre no fantástico cenário natural que é a vista sobre a velha cidade que até meados do século XIX foi a capital do Estado Português da Índia e cujas igrejas e conventos foram classificados pela Unesco como Património da Humanidade, tem lugar a apresentação de estilos musicais bem diversos, incluindo a música clássica indiana e ocidental, os grupos corais religiosos, o canto lírico, a música de fusão e, quase sempre, o fado português cantado por artistas portugueses expressamente convidados ou por artistas goeses que cultivam essa expressão musical.
São já muito numerosos os artistas portugueses que passaram pelo Monte Music Festival e são também várias as carreiras de sucesso internacional de músicos e vozes goesas que foram lançadas neste festival e esse é um motivo de grande satisfação por esta importante iniciativa cultural da Fundação Oriente.
O Monte Music Festival tem a participação maioritária mas não exclusiva de músicos goeses e é não só o mais prestigiado festival que se realiza em Goa, mas é também uma iniciativa que prestigia Portugal numa região onde a cultura portuguesa ainda tem tão fortes raízes.

Luanda perfaz hoje 442 anos de idade

A cidade de Luanda celebra hoje 442 anos de idade pois foi fundada no dia 25 de Janeiro de 1576 por Paulo Dias de Novais, um fidalgo e explorador português que lhe então deu o nome de São Paulo da Assunção de Loanda. O Jornal de Angola evoca essa data na sua edição de hoje.
Paulo Dias de Novais estivera naquela costa em 1560 a pedido do rei de Ndongo, vassalo do reino do Kongo, que pedira aos portugueses o envio de missionários para a região, mas acabou por ser hostilizado e regressou a Portugal. Mais tarde, voltou a partir de Lisboa para a costa de Angola acompanhado por dois jesuítas, tendo chegado à ilha de Luanda em Fevereiro de 1575, com dois galeões, duas caravelas, dois patachos e uma galeota, aí estabelecendo o primeiro núcleo de colonos portugueses na costa de Angola. Eram cerca de 700 pessoas, onde se incluiam religiosos, mercadores, funcionários e 350 homens de armas.
Porém, verificando que a ilha de Luanda não era o local mais adequado para criar uma povoação, decidiu fixar-se na terra firme e aí lançar a primeira pedra para a construção de uma igreja dedicada a S. Sebastião, exactamente no dia 25 de Janeiro de 1576. Foi há 442 anos.
A história de Luanda é muito rica como revela o seu património arquitectónico religioso e militar herdado da colonização portuguesa, mas assinalam-se outros factos históricos relevantes como a sua posse pelos holandeses que entre 1641 e 1648 dominaram a cidade, até que uma coligação de portugueses, brasileiros e angolanos saiu do Rio de Janeiro sob o comando de Salvador Correia de Sá e Benevides e reconquistou a cidade.
Hoje Luanda é a capital da República de Angola e é uma cidade com mais de 8 milhões de habitantes, que é também a maior capital de língua portuguesa e a terceira maior cidade de língua portuguesa depois de São Paulo e do Rio de Janeiro.