Penso que não exagero quando afirmo que a generalidade do jornalismo e da
imprensa portuguesa estão a atingir patamares insuportáveis de mediocridade, de
incompetência e de crescente alinhamento com interesses partidários e de outra
natureza. O dever de informar com isenção e rigor está a deixar de ser a norma
e os gatekeepers ou os editores
parecem não perceber a sua função.
Ontem, no Fórum Económico Mundial que decorre em Davos, o primeiro-ministro
António Costa anunciou que a multinacional norte-americana Google vai instalar em
Oeiras a partir de Junho, um centro de serviços e hub tecnológico para a
Europa, Médio Oriente e África, que criará de imediato cerca de 500 empregos
altamente qualificados, sobretudo engenheiros.
A decisão resultou de uma competição internacional muito dura porque havia
muitos candidatos a querer atrair o investimento da Google e, por isso, Paddy Cosgrave, o fundador
da Web Summit, foi um dos primeiros a congratular-se com a decisão, enquanto por
cá apenas Isaltino Morais se congratulou com a notícia.
É certo que nestas coisas é de boa prudência esperar para ver porque já se viu que algunas vezes "a montanha pariu um rato", mas num país
periférico e carente de investimento que crie emprego qualificado, a notícia é
relevante e não pode deixar ninguém indiferente. Porém, o facto é que só o Diário
de Notícias se referiu ao assunto num canto “escondido” da sua primeira
página e que nenhum outro jornal a destacou, preferindo escolher títulos irrelevantes. Lamentável ou talvez um caso de má fé. Começamos a ficar habituados a
uma imprensa da treta, que não se cansa de falar em Tancos e na legionella, mas que não enfatiza a
redução progressiva e acentuada do défice, a redução da dívida, a antecipação
de pagamentos ao FMI, a melhoria dos
ratings das agências de notação financeira ou os novos investimentos
estrangeiros em Portugal. É mesmo muito lamentável.