A notícia da
morte de Alexandre Soares dos Santos aos 84 anos de idade não foi inesperada
porque era sabido que padecia de doença grave, mas é muito dolorosa. Com a sua morte desaparece mais uma figura
de referência do universo empresarial português, num tempo em que temos
assistido ao desaparecimento de verdadeiros empreendedores e ao nascimento (e
queda) de aventureiros gananciosos que se disfarçaram de empresários e têm afundado
várias empresas portuguesas.
Alexandre Soares dos Santos, tal como Américo
Amorim e Belmiro de Azevedo, também foi um visionário que criou um negócio na
área da distribuição, que satisfez uma necessidade social, que apoiou a
produção agro-alimentar portuguesa e que, directa e indirectamente, empregou
muita gente. À frente do grupo Jerónimo Martins desde 1968, foi com a sua visão que aquela pequena empresa familiar se tornou num dos maiores grupos empresariais portugueses, não só
pela sua dimensão e robustez únicas no panorama nacional, como pela sua bem
sucedida internacionalização, nomeadamente na Polónia e na Colômbia. As suas
preocupações sociais e culturais levaram-no a muitas iniciativas de interesse
para o desenvolvimento do país, de que a Fundação Francisco
Manuel dos Santos é uma das mais notáveis.
Embora não o
conhecesse, nem partilhasse muitas das suas ideias, nem gostasse do seu estilo demasiado
contundente e polémico, aqui lhe presto a minha homenagem.
Homens como este fazem muita falta a Portugal.