O plenário do
Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF) decidiu ontem rejeitar por 6 votos contra 5, o pedido de habeas corpus preventivo que havia sido apresentado pela defesa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, que tinha sido condenado a 12 anos e um mês de prisão na segunda instância, pelo Tribunal
Regional Federal da 4ª Região.
Segundo se depreende da leitura da imprensa
brasileira, o processo de Lula tem tanto de jurídico como de político, estando
a suscitar muitas emoções e a dividir o Brasil. Para uma parte da sociedade
brasileira a Justiça deve ser igual para todos e Lula terá de cumprir na prisão
a pena a que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro mas, para a outra parte da sociedade, o ex-presidente Lula é um ídolo
que tirou milhões de brasileiros da pobreza, que prestigiou internacionalmente
o Brasil e que está à frente das sondagens para as eleições presidenciais de
Outubro.
O
mais provável é que num país onde a corrupção dos políticos é muito elevada e a ordem pública
está ameaçada, aconteça o paradoxo político de um ex-Presidente da República ir para a
prisão por um delito menor no contexto da Operação Lava Jato, enquanto a grande criminalidade e os mais notados casos
de corrupção parecem ficar impunes. O Brasil está a viver um processo de judicialização da política que é demasiado perigoso para os valores democráticos.
O
jornal argentino Página/12 anteviu essa decisão do STF e, na primeira página
da sua edição de anteontem, escreveu “golpe dentro do golpe”, significando que
depois da destituição de Dilma Rousseff, o establishment
brasileiro pressiona na Justiça e nos media
para completar a operação de afastamento de Lula da Silva e dos seus aliados, com o chefe do Exército a pronunciar-se contra a
impunidade e um outro general reformado a ameaçar com um golpe se Lula não for preso.
Os tempos vão difíceis para o Brasil e é necessária muita prudência para que as paixões pro-Lula e anti-Lula não se confrontem e o país possa viver em ordem e progresso, como está escrito na sua bandeira nacional.
Os tempos vão difíceis para o Brasil e é necessária muita prudência para que as paixões pro-Lula e anti-Lula não se confrontem e o país possa viver em ordem e progresso, como está escrito na sua bandeira nacional.