Nas eleições
legislativas ontem realizadas em Timor Leste, a Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (FRETILIN) dirigida por Mari Alkatiri obteve 168.422 votos,
enquanto o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) liderado por
Xanana Gusmão conseguiu 167.330 votos, isto é, verificou-se uma diferença de apenas 1092 votos, o que é
realmente um acontecimento! Este resultado faz com que dos 65 assentos do
parlamento timorense, haja 23 cadeiras a ocupar pelos deputados da FRETILIN, 22
assentos a ocupar pelos eleitos do CNRT e que haverá 20 lugares a ser ocupados pelos
restantes partidos, sendo que o Partido da Libertação Popular (PLP) do
ex-Presidente Taur Matan Ruak ocupará 8 cadeiras.
Este resultado é
muito problemático e pode gerar uma situação de grande instabilidade política
porque o provável governo de Mari Alkatiri estará sempre em minoria, a não ser
que faça uma coligação com o seu adversário mais directo. Por isso, Xanana
Gusmão está mais uma vez no centro da vida política timorense, tal como tem acontecido desde há mais de quarenta anos.
Acontece que estas
eleições legislativas foram as primeiras realizadas exclusivamente pelas
autoridades timorenses e já foram consideradas as mais tranquilas de sempre,
não tendo sido registados quaisquer incidentes graves durante a campanha
eleitoral ou no dia da votação. Essa circunstância é uma boa indicação quanto
ao futuro político do país, que vai continuar nas mãos
experientes de homens que vieram da Resistência e da luta armada.
Por isso, existe
um clima de confiança no país, até porque Francisco Guterres, o Presidente da República
de Timor Leste eleito em 20 de Março e que também é oriundo da FRETILIN, é um patriota
e um companheiro de percurso de Alkatiri e de Xanana, o que vai certamente
favorecer uma solução de estabilidade política e de boa governabilidade. É, também, o que esperam aqueles que, como nós, conhecem a ilha de Timor.