Consumou-se ontem
de afastamento e abertura do processo de destituição de Dilma Rousseff e da
tomada de posse de Michel Temer como Presidente da República Federativa do
Brasil, como o diário Globo hoje noticia com grande destaque. Numa sessão que durou mais de vinte horas, houve 55 senadores que
votaram pela destituição da Presidente, enquanto apenas 22 votaram contra essa
destituição.
O assunto arrastava-se há várias semanas e vinha surpreendendo o
mundo, impressionado pelo radicalismo com que estavam a ser tratados os erros
ou os abusos de poder da Presidente da República, uma vez que ao contrário do
que sucede com muitos deputados e senadores, não existem quaisquer acusações de
corrupção contra Dilma Rousseff. Com esta decisão dos senadores, o Brasil ficou
politicamente dividido e, no meio da sua grave crise económica, há agora sérios
riscos da crise se transformar num problema social de grandes dimensões. Enquanto uns falam em golpe
de Estado, outros falam num novo governo de salvação nacional, o que mostra como o Brasil está dividido. O facto é que
foi destituida a primeira mulher que exerceu a presidência do Brasil, para que
tinha sido eleita democraticamente, tendo sido substituida pelo seu
vice-presidente que deu posse a novo um governo sem quaisquer mulheres, o que é
um sinal de grande retrocesso social.
Vista deste lado
do Atlântico, a preocupante situação política, económica e social brasileira não
é fácil de compreender porque, de facto, “só quem está no convento é que sabe o que
lá vai dentro”. Nós aqui só podemos imaginar. Assim, temos que confiar que os nossos irmãos brasileiros saberão encontrar
as melhores soluções para inverter a difícil situação em que estão envolvidos e
que nós aqui apenas acompanhamos por aquilo que as televisões nos querem mostrar.