segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Os jornais e o ex-jornalismo independente

Os tradicionais meios de comunicação social ou mass media são a imprensa, a rádio e a televisão, mas com o aparecimento de novos suportes como a internet e as redes sociais, a imprensa e a rádio têm perdido influência no espaço mediático. Dessa forma, esses meios de comunicação têm menos leitores e menos ouvintes, as suas audiências regridem, as suas receitas publicitárias descem e as suas equações económicas tornam-se mais difíceis de resolver. Por isso, o jornalismo e os jornais independentes são cada vez mais raros, sendo os leitores e os ouvintes confrontados com manipulações e inverdades de toda a ordem.
No caso dos jornais – mas não só nos jornais – a sobrevivência “obriga” a que os seus espaços cedam a lógica noticiosa e informativa, às lógicas da publicidade comercial e da propaganda política. Assim, para que possam “sobreviver”, os jornais disponibilizam e vendem cada vez mais o seu espaço para fins não informativos, deixando de ser suportes com notícias, para se transformarem em plataformas ao serviço de quem paga para vender produtos, serviços ou ideias. É, evidentemente, o fim do jornalismo independente.
No passado dia 19 de Setembro a primeira página do The New York Times era ocupada com um anúncio das malas de alumínio da marca Rimowa e no dia 21 de Setembro o diário espanhol ABC cedia toda a sua primeira página para expressar a sua gratidão à Coca-Cola, “por estos 25 años juntos”. Ontem foi a Folha de S. Paulo e outros jornais brasileiros, que publicaram em primeira página, um “informe publicitário” relativo à reunião do G20 do próximo ano no Rio de Janeiro, numa evidente cedência à propaganda do governo brasileiro.
Nestes casos, o The New York Times, o ABC e a Folha de S. Paulo puderam facturar muitos milhares para equilibrar a sua tesouraria, mas cada um deles “violou” a sua independência jornalística e abalou a sua credibilidade junto dos seus leitores.