quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Há mensagens de Natal muito ridículas


O nosso primeiro ministro dirigiu a tradicional mensagem de Natal aos portugueses, em que afirmou que não tenhamos dúvidas, estes anos difíceis irão passar”, que “estamos no bom caminho” e que estamos mais próximos de vencer a crise”, para além de nos ter afirmado “a certeza de que os dias mais prósperos e mais felizes do nosso país estão à nossa frente”. Todas estas frases, verdadeiras palavras de ordem de campanhas eleitorais, seriam verdadeiramente excepcionais se fossem verdade. Porém, nem o optimismo nem a aparente convicção do nosso primeiro nos convencem. Nem ele, nem a sua equipa de gente pouco experimentada nos convencem com a sua cegueira política, a sua insensibilidade social e a sua servil subordinação à agenda merkeliana. De facto, continuamos a ser diariamente confrontados com relatórios de execução orçamental e com previsões que nos indicam exactamente o contrário daquilo que o nosso primeiro afirmou, enquanto assistimos ao aumento incontrolado do desemprego, da pobreza, das falências e da emigração, a juntar aos sinais de decadência e de frustração que observamos à nossa volta. Naturalmente, uma mensagem de Natal não poderá deixar de ter um conteúdo mobilizador e de mostrar sinais de optimismo, mas não pode ser um veículo de propaganda irrealista, mesmo que esteja cheia de frases bonitas, mas sem qualquer significado. Um bom exemplo está nesta promessa: “Ninguém que esteve presente nos piores momentos da crise, com a sua coragem e o seu esforço, será deixado para trás nos anos de oportunidade que temos pela frente.” O que é que isto quer dizer?