No mundo do
futebol é um lugar comum verificar como alguma imprensa cultiva o endeusamento dos
jogadores, embora isso se aplique apenas a um grupo muito restrito de atletas
que adquiriram o estatuto de estrelas. A entrada nesse grupo de eleitos exige
um “passaporte” que se adquire através de muitas jogadas, que nem sempre são de
bola. Depois de entrarem nesse grupo restrito, essas estrelas recebem as
atenções e os elogios de toda a imprensa nacional e internacional. É o marketing
a trabalhar. Tudo lhes é permitido, incluindo os contratos milionários para jogar, acrescentados de fabulosos contratos publicitários. Conhecemos o Pélé, o Maradona e o
Platini. o David Beckham e o Luís Figo. Agora, entre os Messis, os Neymares e
os Iniestas, há o Cristiano Ronaldo que o marketing consagrou como o CR7.
Ontem CR7 esteve em
Roma com a sua equipa do Real Madrid para defrontar a equipa local, jogou bem e
meteu um golo muito vistoso. Hoje o Corriere dello Sport, que é o
principal jornal desportivo da capital italiana, tratou de esquecer a derrota da equipa
romana e escolheu uma fotografia do eufórico jogador português e um título a seis colunas com a expressão fenómeno Ronaldo.
A minha veia
lusitana sorriu de satisfação, mas o facto é que vi o jogo pela televisão e não
vi nenhum fenómeno em
campo. Parece-me um caso de endeusamento injustificado,
embora não seja desagradável de ler aquele título num jornal italiano, o tal
país dos tiffosi e da loucura pelo
futebol. É, por isso, um caso como a pescada, que antes de ser já o era.