A Volkswagen foi acusada pelas autoridades americanas de
manipular os testes relativos às emissões de óxido
de azoto
em vários dos seus modelos a gasóleo, uma vez que os testes escondiam que os
veículos poluem entre 10 a 40 vezes mais do que os limites permitidos pela lei
americana. A marca alemã admitiu esse facto e lamentou profundamente que a marca
tivesse forjado os resultados desses testes, que afectam a credibilidade da
marca e já se preparam para recolher 11 milhões de
viaturas no início de 2016, das quais 8,5 milhões circulam na Europa.
O
escândalo rebentou em finais de Setembro, mas adquiriu agora novos contornos na
sequência de uma investigação feita pelo jornal britânico Financial Times, que é talvez o mais
importante jornal económico mundial. Na sua edição de
ontem, o jornal anunciou em primeira página que Bruxelas, isto é, a Comissão
Europeia então presidida por Durão Barroso, foi alertada em 2013 para as “car
emissions tests discrepancies”.
Segundo a investigação levada a efeito pelo
jornal, o problema do confronto entre a indústria automóvel e os grupos
ambientalistas não é novo e a informação revelada
pelo jornal mostra que a Comissão Europeia tinha conhecimento de que as
emissões verificadas nos testes em laboratório não correspondiam às emissões
verificadas nos testes de estrada e que tal assunto era objecto de debate
interno. Numa carta escrita em Fevereiro de 2013, o então comissário europeu do
Ambiente, Janez Potocnik, informou o então comissário da Indústria, Antonio
Tajani, que haveria “discrepâncias significativas” entre as emissões
verificadas nos testes e as registadas em condução real. Porque não deram
ouvidos a Janez Potocnik? Porque se calou Antonio Tajani? O que soube ou não
soube disto o presidente da Comissão Europeia? Este caso levanta muitas
suspeitas. Numa Europa desacreditada e em crise, aqui está mais um exemplo da
má memória que foi a Presidência Barroso, que atirou a União Europeia para a
crise, para a desorientação, para a desagregação e para o salve-se quem puder.