terça-feira, 28 de julho de 2020

Agrava-se a situação em Cabo Delgado


No âmbito da sua vida militar e da guerra colonial, muitos portugueses conheceram a actual província moçambicana de Cabo Delgado e, por isso, é natural que lhes interessem todas as notícias que de lá chegam.
Durante alguns anos era referido o interesse turístico e a descoberta de enormes reservas de gás natural, o que estava a atrair investimento estrangeiro para a região, mas em Outubro de 2017 foram efectuados ataques armados na vila de Mocímboa da Praia por alegados insurgentes islamistas, eventualmente com ligações a grupos radicais estrangeiros. Esses ataques violentos sucederam-se e estão identificados três em 2017, dezanove em 2018, trinta e quatro em 2019 e quarenta e três nos primeiros quatro meses de 2020, o que significa que a situação se está a agravar, com centenas de mortos e milhares de refugiados.
Parece não haver ainda um conhecimento sobre o que realmente se passa, mas já se fala em guerra civil, até porque as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique não estarão a dominar a situação, como mostram as estatísticas e o agravamento da situação.
Recentemente, o governo de Filipe Nyusi lembrou-se do êxito que um grupo mercenário do Zimbabwe obtivera em 1985 contra o quartel-general da Renamo e decidiu contratar o coronel zimbabweano Lionel Dick e o seu grupo, o Dick Advisory Group (DAG) para ajudarem a combater os insurgentes que há três anos aterrorizam a região de Cabo Delgado, o que foi noticiado pelo semanário Savana. Nesta altura a situação é muito complexa pois não se sabe quem são e o que reivindicam os atacantes. Alguns cenários apontam para uma poderosa rede criminosa ligada ao tráfico do marfim, dos rubis e das esmeraldas e outros referem o negócio da heroína, ambos com fortes ligações ao jhiadismo e ao Daesh. Porém há quem entenda que se trata de uma revolta contra a Frelimo ou mesmo o início de uma secessão de Cabo Delgado. O facto é que a situação se agrava.