Assinalam-se hoje
cinco séculos sobre a data da morte de Afonso de Albuquerque, ocorrida a bordo
do seu navio na barra de Goa, na manhã do dia 16 de Dezembro de 1515. O
cronista Fernão Lopes de Castanheda descreveu esse acontecimento nos seguintes
termos:
E dali por diãte se achou de cada vez peor, de
maneira que sabado quinze dias de Dezembro á noyte que foy surgir na barra de
Goa […] & hũa hora antes que falecesse se lhe tornou a fala. E estandolhe
lendo a paixão de que era muyto devoto, & em que dizia que levava sua
esperança de salvação, deu a alma a nosso senhor domingo ante manhaã dezaseys
de Dezembro de mil & quinhentos & quinze, vestido em ho abito de
Santiago, de cuja ordem era cavaleyro […] pedio perdão de seus pecados antes de
seu falecimẽto.
E falecido foy posto na tolda da nao…
Afonso de
Albuquerque foi uma das mais proeminentes figuras da História de Portugal e foi
o verdadeiro fundador do Estado Português da Índia, ao assegurar-lhe uma base
territorial. Tendo nascido em Alhandra de família fidalga no ano de 1453, adquiriu
experiência militar desde muito jovem nas conquistas do norte de África e na
batalha de Toro. Em 1506 seguiu para a Índia como capitão-mor da costa da
Arábia no comando de uma frota de cinco navios da armada de dezasseis navios de
Tristão da Cunha. Em 1507 conquistou Ormuz à entrada do golfo Pérsico, em 1510
conquistou Goa na costa ocidental da península Industânica e em 1511 conquistou
Malaca, situada na península Malaia e na passagem marítima entre os oceanos
Índico e Pacífico. Em 1509 tinha sucedido a D. Francisco de Almeida como 2º
vice-rei e governador Estado Português da Índia, tendo desempenhado esse cargo
até à sua morte em 1515. Morreu mal com el rey por amor dos homens, & mal com os homens por amor del rey.
Afonso de
Albuquerque não está livre de acusações de desumanidade e barbaridade, mas é
realmente uma das grandes figuras da História de Portugal e daí que seja aqui
evocado.