A edição de ontem
do jornal The Washington Post
destaca como tema principal da sua primeira página, a história de um forte
português “perdido” na Amazónia, que os cientistas estão agora a estudar através
de tecnologias com base nos raios X, que é uma forma de radiação
electromagnética muito utilizada na Medicina para a análise das condições dos
órgãos internos.
Trata-se do Real Forte Príncipe da Beira, localizado na margem
direita do rio Guaporé, no estado brasileiro de Rondónia, que começou a ser
construído em 1775 por ordem do Marquês de Pombal. O Tratado de Madrid de 1770
tinha assegurado o direito português à posse dos territórios situados para
leste do “meridiano de Tordesilhas” e os fortes da Amazónia faziam parte de um
plano para a construção de um “cordão de fortes” para defender o território
brasileiro de eventuais incursões espanholas, a partir da Bolívia,
designadamente para pesquisa de ouro.
O Real Forte Príncipe
da Beira é considerado a maior edificação militar portuguesa do Brasil colonial
e foi construído no sistema Vauban, com base num quadrado com 118 metros de
lado com um baluarte em cada vértice. Poucos anos depois, a presença portuguesa
na região consolidou-se, o Brasil tornou-se independente e cessou a ameaça
espanhola, pelo que o forte perdeu a sua importância estratégica e, em finais
do século XIX, foi abandonado, tendo “desaparecido” por acção da vegetação
tropical.
Em 1913 o forte
foi “redescoberto” e, nos anos mais recentes, foi recuperado, inclusive com o
apoio técnico português, sobretudo da Fundação Calouste Gulbenkian. A partir de
2009 iniciaram-se trabalhos arqueológicos, por iniciativa do Instituto do
Património Histórico e Artístico Nacional, para compreender a história, não só
do forte mas de toda a zona envolvente, onde se situavam povoações aborígenes e
uma povoação europeia de nome Lamego.
A reportagem do The
Washington Post divulga a história do Real Forte Príncipe da Beira, que
os portugueses construíram, mas também o que está a ser feito com o apoio das
tecnologias para conhecer o passado histórico e antropológico da região.