domingo, 13 de abril de 2025

Estudando o Real Forte Príncipe da Beira

A edição de ontem do jornal The Washington Post destaca como tema principal da sua primeira página, a história de um forte português “perdido” na Amazónia, que os cientistas estão agora a estudar através de tecnologias com base nos raios X, que é uma forma de radiação electromagnética muito utilizada na Medicina para a análise das condições dos órgãos internos. 
Trata-se do Real Forte Príncipe da Beira, localizado na margem direita do rio Guaporé, no estado brasileiro de Rondónia, que começou a ser construído em 1775 por ordem do Marquês de Pombal. O Tratado de Madrid de 1770 tinha assegurado o direito português à posse dos territórios situados para leste do “meridiano de Tordesilhas” e os fortes da Amazónia faziam parte de um plano para a construção de um “cordão de fortes” para defender o território brasileiro de eventuais incursões espanholas, a partir da Bolívia, designadamente para pesquisa de ouro.
O Real Forte Príncipe da Beira é considerado a maior edificação militar portuguesa do Brasil colonial e foi construído no sistema Vauban, com base num quadrado com 118 metros de lado com um baluarte em cada vértice. Poucos anos depois, a presença portuguesa na região consolidou-se, o Brasil tornou-se independente e cessou a ameaça espanhola, pelo que o forte perdeu a sua importância estratégica e, em finais do século XIX, foi abandonado, tendo “desaparecido” por acção da vegetação tropical.
Em 1913 o forte foi “redescoberto” e, nos anos mais recentes, foi recuperado, inclusive com o apoio técnico português, sobretudo da Fundação Calouste Gulbenkian. A partir de 2009 iniciaram-se trabalhos arqueológicos, por iniciativa do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional, para compreender a história, não só do forte mas de toda a zona envolvente, onde se situavam povoações aborígenes e uma povoação europeia de nome Lamego.
A reportagem do The Washington Post divulga a história do Real Forte Príncipe da Beira, que os portugueses construíram, mas também o que está a ser feito com o apoio das tecnologias para conhecer o passado histórico e antropológico da região.