domingo, 19 de março de 2023

Cavaco Silva e a sua enorme vulgaridade

Cavaco Silva em caricatura, por Bruno Sousa
Aníbal Cavaco Silva é um cidadão português natural de Boliqueime, que foi ministro das Finanças (1980-1981), primeiro-ministro (1985-1995) e Presidente da República (2006-2016). Talvez só Salazar e o Marquês de Pombal tenham tido uma tão longa actividade governativa em Portugal e esse facto confere-lhe um estatuto singular que os portugueses, quer tenham ou não sido seus apoiantes, devem respeitar.
Acontece que Aníbal Cavaco Silva foi convidado pela Câmara Municipal de Lisboa para intervir numa conferência que assinalou os trinta anos do Programa Especial de Realojamento (PER), que tinha sido lançado em 1993, quando era primeiro-ministro. Não sei se o convite fazia sentido, mas o Aníbal aceitou-o. Vingativo como sempre foi, aproveitou a oportunidade para se vingar de António Costa que, em Novembro de 2015, lhe fez engolir um enorme sapo, quando não ganhou as eleições e o Aníbal se viu obrigado a nomeá-lo primeiro-ministro. O Aníbal andou sete anos com este sapo atravessado e agora, com enorme arrogância, desancou em António Costa e no seu governo, como se fosse líder de um qualquer partido da oposição. Como referiu o jornal Público, no novo pacote de habitação o Aníbal só deu nota positiva ao fim dos controversos vistos gold e, quanto ao resto, “não deixou pedra sobre pedra”. 
O Aníbal não esteve à altura das suas responsabilidades, comportou-se como um político rancoroso e mostrou a sua enorme vulgaridade. Ofendeu o seu estatuto de ex-presidente e, neste jogo de xadrez, fez o papel de um simples peão. Então o homem não veio dizer que a crise habitacional que se vive no país "é o resultado do falhanço da política do governo no domínio da habitação nos últimos sete anos, com custos sociais elevados para muitos milhares de famílias"? Que governante ou que académico pode fazer uma afirmação destas? Onde está a sua seriedade intelectual?
O Partido Socialista que governa com maioria absoluta reagiu e disse que “seria expectável por parte de um antigo chefe de Estado um espírito mais construtivo e menos destrutivo”. E tem toda a razão.

Donald Trump investe na sua reeleição

Donald Trump, o ex-presidente dos Estados Unidos, tem as suas concepções políticas, é um homem muito polémico e acumula problemas judiciais, o principal dos quais é a sua responsabilidade no assalto ao Capitólio acontecido no dia 6 de janeiro de 2021. Agora tem sobre si, entre outras, a acusação relativa a um escândalo ocorrido em vésperas das eleições presidenciais de 2016, quando um seu advogado pagou a uma artista pornográfica para comprar o seu silêncio. Ontem o ex-presidente anunciou que acredita que vai ser detido na próxima terça-feira no âmbito da investigação judicial às suspeitas de ter ordenado esse pagamento e um seu advogado já disse que Donald Trump vai aceitar essa decisão, conforme destacou o jornal nova-iorquino Daily News.
Porém, todos os esforços feitos até agora para levar Donald Trump à Justiça, incluindo duas tentativas de impeachment no Congresso, contribuíram para aumentar a sua popularidade entre os seus apoiantes e, por isso, a sua possível detenção faz parte de uma estratégia pessoal para ampliar a sua base de apoio, uma vez que também já afirmou que continuará a sua campanha para se tornar o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais de 2024, mesmo que venha a ser formalmente acusado. Daí que Donald Trump tratasse imediatamente de convocar os seus apoiantes para protestarem nas ruas e para “recuperar a nossa nação” e tivesse retomado as declarações arrasadoras para os seus adversários políticos, afirmando que os Estados Unidos são agora “um país do terceiro mundo e a morrer” e que “o sonho americano está morto”, devido aos "anarquistas de esquerda radical que roubaram as nossas eleições”.
As eleições presidenciais dos Estados Unidos que se realizam no dia 5 de novembro de 2024 já estão a aquecer a política americana e Donald Trump investe fortemente na sua reeleição.