segunda-feira, 22 de junho de 2020

A pandemia no Brasil e nos outros países


A imprensa brasileira deu ontem um grande destaque ao facto da pandemia de covid-19 já ter ter causado mais de 50.000 óbitos e do número de infectados já ter ultrapassado um milhão de pessoas, o que faz do Brasil o país mais afectado do mundo, depois dos Estados Unidos. A situação ainda não mostra tendências consolidadas de atenuação e, na sua edição de ontem, o jornal Estado de S. Paulo presta homenagem aos 50.058 mortos, “ao luto e dor de milhares de famílias” e diz que “o país bate triste marca e tem escalada de casos”.
O primeiro caso foi detectado no dia 26 de Fevereiro no estado de S. Paulo e, desde então, o país já conheceu três ministros da Saúde (Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello), além de se ter confrontado com as famosas declarações de Jair Bolsonaro que classificou a pandemia como uma gripezinha ou um resfriadinho.
O Jair enganou-se e a pandemia é coisa séria. No entanto, se a preocupante situação brasileira for analisada quanto ao número de infectados e ao número de óbitos por milhão de habitantes, facilmente se conclui que muitos outros países apresentam piores resultados que o Brasil. Entre os países em que esses indicadores são piores do que no Brasil, estão os Estados Unidos e o Canadá, mas também a generalidade dos países europeus.
Na actualidade, as estatísticas são um importante instrumento de gestão, mas têm que ser usadas com seriedade e não podem servir para a manipulação da verdade. No caso da pandemia de covid-19, pela repercussão que têm na economia e em especial na indústria do turismo, começam a surgir muitas manipulações estatísticas, para além de haver diferentes níveis de realização de testes, em que os factores económicos tendem a sobrepor-se aos factores sanitários. Portanto, os brasileiros podem e devem estar preocupados com os seus números, mas desconfiem dos números dos outros.