sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Um futuro de incerteza na ‘small island’


Dentro de poucas horas vai concretizar-se a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, o tal Brexit de que se falou durante tanto tempo e que metade dos britânicos queria, mas que a outra metade não queria. 
Alguma imprensa internacional destaca hoje esse assunto e aborda-o de muito diferentes maneiras, desde uma quase indiferença traduzida por um bye, bye ou um l’adieu, até a um bem afirmativo acordo com um triunfante yes, we did it, passando por situações intermédias que parecem prever ou desejar um regresso em tempo não muito longo, com frases como see you later ou, ainda, farewell, not goodbye.
Esta decisão, como foi repetidamente afirmado, é má para a Grã-Bretanha e é má para a Europa, podendo criar situações muito difíceis para as duas partes, apesar de ambos jurarem que vão ficar amigos para lá deste divórcio. Porém, parece evidente que os britânicos vão ser mais penalizados, não só porque se transformaram na small island a que se refere a edição de hoje do The Guardian, mas também porque correm o risco de se desintegrarem e acabarem com o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, que existe desde 1801. Os mentores deste divórcio sempre contaram com o amigo americano, mas esquecem-se que as solidariedades anglo-americanas de há setenta anos têm sido cada vez mais substituídas por interesses.
Os tempos que aí vêm são de muita incerteza. Os britânicos que apoiaram este divórcio, depois de 47 anos de união com a Europa, não estão alinhados com os sinais dos tempos e parece quererem reactivar o seu orgulhoso passado vitoriano e imperial, mas serão  esses mesmos sinais dos tempos que lhes vão mostrar que sem a Europa não passarão de uma small island.