Lajes, 16 de Março de 2003 |
As notícias que
nos últimos dias nos têm chegado do Iraque são demasiado preocupantes e mostram
que, com todas as suas trágicas consequências, a guerra se intensifica nas
regiões da antiga Mesopotâmia, que foi um dos berços da nossa civilização.
Ontem,
chegou uma informação anunciando que “os rebeldes tomaram o controlo total de Mossul, a segunda maior cidade do
Iraque, após dias de combates” e, mais tarde, outra notícia destacava que “os rebeldes apoderam-se da província de Ninive e de
sectores das províncias iraquianas de Kirkuk e Saladino”. Hoje, uma outra
notícia informa que “militantes
islâmicos avançam sobre a maior refinaria iraquiana na cidade de Baiji”. Significa que a guerra se instalou no norte do Iraque e que as
autoridades de Bagdad estão a perder o controlo da situação. Estas forças, ora
designadas por rebeldes ora por militantes, estão agrupadas em torno do grupo jihadista
EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) que já controla a cidade de Mossul
e que, aparentemente, também já controla a maior refinaria do país. Na Síria,
no contexto da sua luta contra o governo de Bashar al-Assad, os jihadistas também têm sob o seu controlo as regiões do leste do
país, que fazem fronteira com o Iraque. Desta forma concertada, o EIIL procura
expandir os territórios sob o seu controlo, a fim de criar um Estado islâmico entre a
Síria e o Iraque. Esta preocupante situação tem origens muito complexas, sobre
as quais não é fácil emitir opinião.
Nestes casos, porém, a História ajuda-nos
e mostra-nos que na origem desta turbulência e desta guerra está a famosa
cimeira realizada em 2003 na Base das Lajes, nos
Açores, quando George W. Bush (E.U.A.), Tony Blair (Reino Unido) e José Maria
Aznar (Espanha) foram recebidos pelo primeiro-ministro português Durão Barroso
na tarde de 16 de Março de 2003, para uma cimeira que culminou quatro dias
depois, na madrugada de 20 de Março, com o início da intervenção militar contra
o regime de Saddam Hussein, porque alegadamente este possuia armas de
destruição maciça, incluindo armas químicas. Era mentira como todos, um a um,
reconheceram depois. E aqui temos como uma mentira dos falcões do costume e dos
seus ajudantes, levou a instabilidade, o desassossego e a guerra até às regiões
da antiga Mesopotâmia. Então, como a fotografia mostra, Barroso sorria.