O Papa Francisco iniciou hoje uma visita
de três dias a Cuba, a que se seguirão mais cinco dias nos Estados Unidos.
Diz-se que é a sua viagem mais política e que também é uma das suas viagens
mais difíceis e, de facto, alguns jornais americanos, caso do New
Yok Post, ilustraram a sua primeira página com a fotografia do Papa a
desembarcar no aeroporto de Havana com uma pasta na mão, o que sugere que vai
numa viagem essencialmente de trabalho. Subjacente a esta viagem está o papel
que o Papa teve no restabelecimento de relações
diplomáticas entre Havana e Washington, facto que veio dar muito alento aos
defensores na paz no mundo, mas também os seus esforços para que haja uma
efectiva reconciliação entre Cuba e os Estados Unidos.
Em Cuba o Papa
argentino procurará que a democratização do regime cubano se concretize
rapidamente, que acabem as prisões e os presos políticos, que seja restaurada a
liberdade de imprensa e que sejam respeitados os direitos dos cidadãos, pois
essas são as condições prévias para o progresso económico e para a prosperidade
do povo cubano. Depois, nos Estados Unidos, Francisco será o primeiro Papa a
ser recebido na Casa Branca e, pela primeira vez também, um Papa discursará no
Congresso, onde não deixará de criticar “uma economia que mata e cria
desgraças”. Na sua agenda, vai levar uma mensagem de apelo ao fim do embargo
americano contra Cuba que vigora desde 1962, mas também outros assuntos de
grande sensibilidade e importância mundial, embora possa vir a ter a
hostilidade de alguns sectores americanos mais conservadores que o têm
criticado e acusado de ser terceiro-mundista, marxista e anticapitalista. De
entre esses assuntos, estará certamente a crise dos refugiados que têm
procurado abrigo na Europa mas, mais importante ainda, estará uma forte
condenação das guerras na Síria e em outras regiões do mundo, assim como do
tráfico internacional de armas praticado por países e organizações que dizem
querer a paz. Parece que os Estados Unidos e a Rússia já começaram a discutir o assunto, agora mais a sério. Se necessário, o Papa que está em Havana e que vai a Nova York, também poderá ir a Moscovo, a Damasco e até a Teerão.