Mais de 85% da
cidade de Veneza está inundada e muitos jornais internacionais publicam hoje
imagens da famosa Praça de São Marcos, coberta por uma toalha de água e sem
turistas, enquanto uma estação televisiva até mostrou a insólita imagem de um
homem nadando naquela praça. É a pior cheia dos últimos 50 anos, com o nível da
água a atingir 1,87 metros, o que corresponde ao segundo maior nível de que há
registo. Na cripta da Basílica de São Marcos a água subiu até à altura de 1,20
metros, tendo sido a sexta vez em 1200 anos que a basílica sofreu uma inundação
e a quarta vez que isso aconteceu nos últimos 20 anos.
A cidade de
Veneza tem uma configuração geográfica sui-generis
e o seu centro histórico fica situado sobre várias ilhas de uma grande lagoa da
costa do mar Adriático, estando servido por 177 canais e mais de quatrocentas
pontes, sendo uma cidade absolutamente pedonal onde o transporte é assegurado
por embarcações.
A lagoa de Veneza
tem três ligações ao mar e está sujeita a grandes variações do seu nível de
água devido às marés, sobretudo as marés vivas do Outono, conhecidas por acqua alta e que habitualmente inundam
parte da cidade histórica. É o que está a acontecer agora. O jornal La Repubblica destaca a sigla SOS e
as autoridades locais declararam o estado de emergência, ao mesmo tempo que exigem que
o projecto Mose, constituído por uma rede de barreiras destinadas a proteger a lagoa e impedir a subida do nível da água
através das suas três ligações ao mar, que foi anunciado em 2003 e que está orçamentado
em 5,5 mil milhões de euros, seja terminado.
As
alterações climáticas são a causa das inundações de Veneza, mas também dos
maiores incêndios florestais de sempre que estão a acontecer na Austrália, que
podem durar meses e que já se aproximam de Sydney. Porém, o Donald e alguns
outros Donalds, nem sequer subscrevem o Acordo de Paris sobre as alterações
climáticas de 2015...