domingo, 3 de março de 2024

Eleições e sondagens para todos os gostos

Na sequência da demissão do primeiro-ministro António Costa, vão realizar-se no próximo domingo as eleições antecipadas para escolher os deputados da nova Assembleia da República. É um momento importante da nossa vida colectiva e, por isso, é desejável que os cidadãos se esclareçam, que façam escolhas e que aconteça uma alargada participação eleitoral.
Vivemos em democracia e, por isso, são várias as forças políticas que se apresentam ao eleitorado com os seus candidatos, os seus programas e as suas intenções, em campanhas eleitorais dinâmicas e dispendiosas, muitas vezes transformadas numa desproporcionada festa e num rodopio de promessas, em que o esclarecimento dos eleitores é a coisa que menos interessa. Os debates televisivos também não servem para esclarecer os eleitores, pois não passam de exibições de candidatos e de uma verdadeira caça ao voto.
Os efeitos das campanhas eleitorais são muito limitados, como Paul Lazarsfeld já concluira em 1944 na sua obra de referência The People’s Choice, pois o seu objectivo é apenas o de fidelizar os eleitores que já fizeram as suas escolhas e de atrair os eleitores ainda indecisos. As sondagens de opinião realizadas e divulgadas durante a campanha eleitoral, tal como as campanhas eleitorais, também visam a mobilização dos indecisos.
No caso das eleições parlamentares do próximo domingo, há quatro ou cinco sondagens que satisfazem todos os gostos, mas que enganam os eleitores, pois umas dizem que o A vai ganhar ao B, enquanto outras garantem que é o B que vai ganhar ao A. As empresas de sondagens ganham com este negócio e os meios de comunicação social que as divulgam, mostram os seus alinhamentos partidários disfarçados de independência e de objectividade. Hoje temos a sondagem da Aximage para o JN/DN/TSF (PS com 33,1% contra 29,6% da AD), a sondagem do ICS e ISCTE para a SIC/Expresso (AD com 21% contra 20% do PS) e a sondagem da Universidade Católica (AD com 33% contra 27% do PS). Com resultados tão diferentes, algumas destas sondagens não podem ser sérias. São manipulações da realidade sociológica para influenciar os eleitores. São mentiras que se disfarçam de seriedade.