O anúncio da
aproximação entre os Estados Unidos e Cuba feito simultaneamente por Barack
Obama e Raúl Castro surpreendeu e entusiasmou a comunidade internacional, surgindo
aplausos por todo o mundo. Porém, também gerou algum desagrado nos sectores
conservadores americanos e nos seus aliados latino-americanos, que viram com
desconfiança aquela iniciativa que consideram perigosa e desastrada. Segundo
esses críticos, a decisão de perdoar os excessos do regime cubano e de ajudar
os irmãos Castro é uma atitude de grande ingenuidade, que vai incentivar “os
ditadores e tiranos de Caracas a Teerão e Pyongyang”. Do lado cubano também há
algum cepticismo, pois há quem não acredite que termine a repressão contra os
dissidentes anticastristas e que pense que a liberalização da economia só irá servir para
fortalecer os grupos de interesses ligados ao regime que já dominam a economia
cubana.
No Brasil de Lula
da Silva e Dilma Rousseff, em que o poder político tem estado mais ou menos alinhado
com o regime cubano, também os sectores conservadores têm mostrado muito
cepticismo em relação à decisão de Barack Obama, estando a utilizá-la como arma
de luta política interna ou como um ameaçador fantasma. A revista Veja,
cuja política editorial se posiciona habitualmente com a direita política
brasileira, examina e critica esta semana os efeitos resultantes da aproximação
entre Cuba e os Estados Unidos. Na sua capa destaca “o amigo americano” e utiliza
uma fotomontagem com a insinuação de que Barack Obama é um novo Che Guevara a
apoiar os revolucionários cubanos. Será que temem um Che Obama para ocupar a Sierra Maestra e avançar sobre Santa Clara e Havana? Sabemos bem que não, mas o facto é que a
fotomontagem funciona no subconsciente de muitas pessoas.