sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Quem pode confiar na América de Trump?

A recente retirada das tropas especiais americanas que se encontravam no noroeste da Síria e que apoiaram as forças curdas na luta contra o Daesh enquadra-se na campanha presidencial americana que vai acontecer em 2020 e na tentativa de Donald Trump para ser reeleito. Na sua anterior campanha eleitoral, o então candidato Trump tinha afirmado que os Estados Unidos se deviam libertar das guerras sem fim em que estavam envolvidos e tinha prometido trazer os soldados americanos de volta a casa. Foi uma promessa eleitoral fantasiosa e não cumprida e, por isso, com eleições à vista mudou de atitude.
Vai daí, o  Donald Trump decidiu abandonar as tropas curdas que lutaram ao lado das tropas especiais americanas e que apoiaram a força aérea americana para esmagar o califado do Daesh, esquecendo que morreram cerca de 11 mil combatentes curdos, enquanto os americanos tiveram apenas cinco baixas. Como foi largamente comentado, os Estados Unidos tiraram partido da experiência curda para derrotar os terroristas do Daesh com um custo mínimo.
Esta decisão de Trump criou as condições para que os turcos iniciassem uma importante ofensiva militar contra os curdos, de que já resultaram centenas de mortos e a fuga de suas casas de cerca de 160 mil pessoas, enquanto um número indeterminado de combatentes e apoiantes do Daesh que estavam internados e à guarda dos curdos, conseguiram fugir dos seus campos de internamento.
A revista The Economist trata este tema na sua última edição e pergunta quem pode confiar na América de Donald Trump, acrescentando que a sua traição aos curdos é um golpe na credibilidade americana perante o mundo e que levará anos para consertar. A revista diz que Trump errou e que este erro afecta seriamente a credibilidade americana, tanto junto dos seus aliados, como junto dos seus inimigos, interrogando-se quanto ao medo da Coreia do Sul ou da Arábia Saudita de poderem ser abandonadas pelos americanos e ficarem à mercê da Coreia do Norte ou do Irão.
O título escolhido pelo The Economist é significativo: quem pode confiar na América de Trump?

O mau tempo ainda não chegou ao canal

Quando o rescaldo das eleições legislativas continua a ocupar o noticiário nacional, com a formação do novo governo e as peripécias que vão acontecendo nos partidos derrotados em torno das candidaturas à sua liderança, e quando o noticiário internacional é dominado pelas violentas manifestações na Catalunha, pelas invasão turca dos territórios do Curdistão sírio, pelo impeachment de Trump ou pelo anunciado acordo relativo ao Brexit, o mais recomendável é descansar a vista e o pensamento. Está muita coisa a acontecer em Portugal e no mundo e nem sempre é fácil perceber a complexidade crescente do mundo moderno, em que o progresso material e a felicidade dos povos andam desalinhados.
Os Açores são, provavelmente, um dos melhores remédios para reflectir e para ajudar a perceber o novelo em que tudo isto anda enrolado, sobretudo quando se tem a sorte de desfrutar de paisagens marítimas inspiradoras de harmonia, de tranquilidade e de reforço da confiança. O canal do Faial que separa as ilhas do Faial e do Pico e que é o cenário central do Mau tempo no Canal, o celebrado romance de Vitorino Nemésio, é um desses locais que entusiasma pela sua beleza natural e pela excelência do seu enquadramento paisagístico. No caso daqueles que gostam de fotografia, a observação do canal desde a ilha do Pico constitui  um cenário singular, com os ilhéus vulcânicos da Madalena em primeiro plano e com a cidade da Horta e a ilha do Faial no segundo plano, mas sempre com o mar presente nas suas múltiplas e variadas apresentações.
Embora estejamos no princípio do Outono, o mau tempo no canal ainda não chegou mas a espectacularidade da ondulação e das vagas já são uma realidade e uma atracção para quem gosta de fotografia.