A recente retirada
das tropas especiais americanas que se encontravam no noroeste da Síria e que
apoiaram as forças curdas na luta contra o Daesh enquadra-se na campanha presidencial
americana que vai acontecer em 2020 e na tentativa de Donald Trump para ser reeleito. Na sua anterior campanha eleitoral, o então candidato Trump tinha
afirmado que os Estados Unidos se deviam libertar das guerras sem fim em que
estavam envolvidos e tinha prometido trazer os soldados americanos de volta a
casa. Foi uma promessa eleitoral fantasiosa e não cumprida e, por isso, com eleições à vista mudou de atitude.
Vai daí, o Donald Trump decidiu abandonar as tropas curdas que lutaram
ao lado das tropas especiais americanas e que apoiaram a força aérea americana para
esmagar o califado do Daesh, esquecendo que morreram cerca de 11 mil
combatentes curdos, enquanto os americanos tiveram apenas cinco baixas. Como
foi largamente comentado, os Estados Unidos tiraram partido da experiência
curda para derrotar os terroristas do Daesh com um custo mínimo.
Esta decisão de
Trump criou as condições para que os turcos iniciassem uma importante ofensiva militar contra os curdos,
de que já resultaram centenas de mortos e a fuga de suas casas de cerca de
160 mil pessoas, enquanto um número indeterminado de combatentes e apoiantes do
Daesh que estavam internados e à guarda dos curdos, conseguiram fugir dos seus
campos de internamento.
A revista The
Economist trata este tema na
sua última edição e pergunta quem pode confiar na América de Donald Trump,
acrescentando que a sua traição aos curdos é um golpe na credibilidade americana perante o mundo e que levará anos para consertar. A revista diz que
Trump errou e que este erro afecta seriamente a credibilidade americana, tanto
junto dos seus aliados, como junto dos seus inimigos, interrogando-se quanto ao
medo da Coreia do Sul ou da Arábia Saudita de poderem ser abandonadas pelos americanos e ficarem à mercê
da Coreia do Norte ou do Irão.
O título escolhido pelo The Economist é
significativo: quem pode confiar na América de Trump?