Com base em
informações seguras que certamente possui, quer da CIA quer de outras agências que
acompanham estes assuntos, a edição de ontem do The Washington Post
revela a composição das forças do Estado Islâmico, conhecidas habitualmente
pela sigla ISIS.
Imaginava-se que
essas forças eram originárias da Síria e daí o seu combate contra o regime de
Bashar al-Assad. Porém, o jornal revela que cerca de 15 mil militantes islâmicos de pelo
menos 80 países entraram na Síria e que, na sua maioria, se juntaram ao ISIS,
que já não luta apenas pelo derrube do regime sírio, mas que tem agora o objectivo de
dominar territorialmente alguma regiões da Síria e do Iraque e impor um
califado e a sua lei.
A enumeração das
origens e do número de combatentes que se encontram no terreno é a seguinte: Tunísia (3000), Arábia Saudita (2500),
Jordânia (2089), Marrocos (1500), Líbano (890), Rússia (800), Líbia (556),
Reino Unido (488), França (412), Turquia (400), Egipto (358), Paquistão (330),
Bélgica (296), Austrália (250), Argélia (250), Iraque (247), Alemanha (240),
Holanda (152), Albânia (148), Estados Unidos (130), Yemen (110), Espanha (95), além de muitos outros. Esta diversidade de gente ou esta brigada internacional, mostra
que estamos perante uma verdadeira jihad,
isto é, um esforço ou uma guerra no sentido de impor o Islão e a sua religião a
outras pessoas e a outras regiões. É um desafio concreto e muito perturbador que, até agora, não
passava de uma teoria enquadrada no tema do choque das civilizações ou das religiões.
É difícil uma
reflexão quanto à complexidade do que está a acontecer, bem como à forma como
nasceu, foi armado e tem crescido o ISIS. Porém, se nos lembrarmos do apoio ocidental que
tiveram as chamadas “primaveras árabes” e as forças ditas democráticas que
atacaram Saddam Hussein, Muammar Kadaffi e Bashar al-Assad, não podemos deixar
de concluir quanto às origens do monstro que já ameaça esse mesmo ocidente. Talvez
seja um exemplo de um feitiço que se vira contra o feiticeiro.