Uma das maiores
empresas mundiais do sector automóvel está a ser acusada pelas autoridades
americanas de grosseira manipulação às emissões poluentes em vários dos seus
modelos das marcas Volkswagen e Audi, que utilizam o gasóleo como
combustível. Segundo foi relatado, os carros foram
equipados com um dispositivo que fazia com que os mecanismos de redução de
emissões fossem activados apenas quando o modelo estava a ser testado e
que, na circulação normal, este dispositivo era desligado e, portanto, o carro
poluía entre 10 a 40 vezes mais do que os limites permitidos por lei.
Foi um escândalo em
larga escala e as acções do grupo automóvel alemão afundaram 23%
na bolsa de Frankfurt num só dia. O jornal francês Le Télégramme chamou-lhe
uma onda de choque, mas houve quem se lhe tivesse referido como um tsunami, como uma hecatombe ou como uma fraude, mas há suspeitas de que outros
construtores de automóveis internacionais também estejam a actuar fora da lei.
Verifica-se, portanto, que não foi só
a gananciosa banca que fez batota em vários países, pois a indústria automóvel
parece ter seguido os mesmos princípios da ganância e do lucro a qualquer
preço, sem que os poderes políticos tivessem prevenido essas situações que ameaçam
agravar a crise mundial em que estamos desde 2008. O Papa tinha razão quando disse que "esta economia mata", tal como aqueles que criticam este vale tudo neoliberal, em que a ganância do dinheiro e do lucro estão acima da condição humana.
Porém, o que é mais
chocante é o facto de ser a Alemanha, que se apresentava como a força da
virtude, do rigor e da razão numa Europa sem rumo, a ser apanhada nas malhas desta
monumental batota. Angela Merkel e Wolfgang Schäuble que tanto nos humilharam com a sua intransigência
e arrogância, devem estar verdadeiramente envergonhados com tudo isto, tal como
os seus submissos aliados lusitanos.